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Política

À CPI, empresário confessa manipulação no futebol e, sem provas, indica fraude em Palmeiras x São Paulo

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O empresário William Rogatto deu depoimento à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, nesta terça-feira, por videoconferência. Investigado na Operação Fim de Jogo, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), e na Operação Jogada Ensaiada, conduzida pela Polícia Federal, Rogatto colocou sob suspeita jogos do Palmeiras, sem apresentar provas.

Rogatto declarou-se réu confesso, e, de acordo com ele, disse que já rebaixou 42 times de futebol, tendo atuado nas federações de futebol de todos os estados brasileiros, no Distrito Federal e em nove países. O empresário revelou que já teria lucrado aproximadamente R$ 300 milhões nesse esquema.

Ele foi questionado pelos senadores Jorge Kajuru e Romário, presidente e relator da CPI, respectivamente sobre a goleada do Palmeiras por 5 a 0 sobre o São Paulo, e a participação de jogadores e presidentes nesse esquema. A partida em questão também foi apontada de manipulação por John Textor, dono da SAF do Botafogo.

“É uma opinião minha, não sei se aconteceu ou não, está nitidamente, é só você olhar os gols. Minha opinião, e confesso para você que foi um jogo em que eu apostei – de repente, eu ainda tenho aqui uns bilhetes que eu posso te mandar, e que eu ganhei. Muita das vezes, (os presidentes) podem ser vítimas desinteressadas. Os jogadores hoje, às vezes dois jogadores, desestruturam totalmente um jogo. Tem presidente que sabe e compactua com isso, tem presidente que eu engano. Tem presidente que está ali para ganhar o dele, porque não é um dinheiro baixo, e tem presidente que está sendo pego desavisado e não compactua com isso. Todos os jogos que eu fiz no Palmeiras eu ganhei”, disse.

“Informações chegam, muitas das vezes, porque o jogador não consegue segurar a boca, e aí a informação chega e fala: ‘Hoje vai ter um resultado ali, e tal time vai ganhar e vai tomar uns gols aí’. E eu, supostamente, sou um apostador, não sou só de esquema de manipulação, como sou apostador, gosto de dinheiro e gosto de apostar, como eu lhe falei. Eu amo apostar também. E alguns jogos que eu fiz aí, eu ganhei, tive êxito, porque chegava uma informação: ‘Olha, hoje vai ter um jogo assim, assim, assim… Coloca aí que vai dar bom’. Eu simplesmente falava: ‘Então, está bom’. Eu colocava e dava bom. Da onde veio a informação? Não sei… Quem estava fazendo? Também não sei. Eu sei o que eu ganhava”, seguiu.

William Rogatto acabou saindo em defesa de John Textor, que também acusou o Palmeiras de manipulação de resultados há algumas temporadas. O norte-americano depôs na CPI, em abril deste ano, e entregou um relatório de 180 páginas, onde diz estar as provas das manipulações, com nomes de pessoas e árbitros envolvidos. Presidentes do Palmeiras e São Paulo, respectivamente, Leila Pereira e Julio Casares também deram depoimentos à CPI.

“Vocês falaram do John Textor. Não sei as provas que John Textor tem, mas uma coisa eu posso te falar: as pessoas que trabalharam pra mim também trabalharam contra ele nesse campeonato, e as pessoas falam que não. Não estou aqui para enfrentar. Leila, não quero te enfrentar jamais, não estou falando que você fez ou não, mas eu te garanto que o John Textor não está totalmente errado. Chamam de louco, mas não é tão louco assim”, declarou.

A operação Fim de Jogo, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), investigou a manipulação de resultados em jogos do Campeonato Brasiliense de 2024, o Candangão 2024, envolvendo jogadores da Sociedade Esportiva Santa Maria.

William Rogatto é acusado de conduzir, durante ao menos quatro anos, um esquema de manipulação de resultados no futebol com atuação nos estados de São Paulo, Sergipe e Distrito Federal. O empresário foi descrito pelo MPDFT como alguém que “se apresenta como empresário de atletas, mas que tem operado na clandestinidade como manipulador profissional mediante a cooptação de jogadores, a venda de resultados arranjados e a realização de apostas”.

Além dos episódios investigados na operação Fim de Jogo, identificou-se nos autos que Rogatto “capitaneou esquema delitivo semelhante na Série A3 do Paulista de 2020. Tal atuação, replicada em diferentes campeonatos e locais é confirmada nos autos da Operação Jogada Ensaiada, onde William Rogatto aparece em interceptações de mensagens, mencionando pagamentos a jogadores aliciados, realizando apostas fraudulentas e conversando com interlocutores sobre os lucros obtidos.

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