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Análise: mesmo jogando com quatro atacantes Botafogo não consegue vencer e vê defesa frágil

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Foto: Pedro Vilela/Getty Images 

Marcação frouxa é a tônica do Botafogo em derrota para o Cruzeiro

As intenções de Artur Jorge são as melhores possíveis. O português, de trabalho conceituado no Braga e sucesso no clube português, colocou um esquema com praticamente quatro atacantes no Botafogo, assim como fizera na Europa, nos dois primeiros jogos pelo Alvinegro: as derrotas para a LDU, na Conmebol Libertadores, e Cruzeiro, neste domingo, na estreia do Brasileirão, por 3 a 2.

Tudo passa, porém, pelo contexto em que o comandante está inserido. O Botafogo tem sérias dificuldades em se defender – o que vem antes, vale ressaltar, de Artur Jorge assumir o comando. O revés para a Raposa só colocou este ponto à tona novamente. 

Os três gols do Cruzeiro têm algum envolvimento de falha individual do Alvinegro. O lance do primeiro gol nasce em um passe errado de Jeffinho, mas é condicionado por um cruzamento que vem do lado direito e pega as costas de Mateo Ponte, que teve muita dificuldade em defender a profundidade. Então, Wesley ajeitou para Lucas Silva fuzilar para o fundo das redes. 

A segunda bola na rede tem total envolvimento (negativo) de Lucas Halter, mas também passa por uma desatenção coletiva. Bastos, que completava a dupla de zagueiros, saiu da partida por dores, mas o sistema não foi preenchido por nenhum outro atleta do meio. O camisa 3 ficou sozinho contra dois jogadores do Cruzeiro e cortou a bola direto nos pés de Rafa Silva, que marcou.

O terceiro foi quase um déjà vu do Campeonato Brasileiro de 2023. Fim de jogo, cruzamento rasteiro vindo do lado direito e gol saindo na trave geral. Uma pane geral, mas que mostra que o problema da defesa não é de hoje e é muito maior que Artur Jorge. 

Por isso, uma formação com quatro atacantes é utópica. O Botafogo naturalmente pode aumentar o poder criativo, mas fica muito exposto no meio-campo. No Mineirão, Gregore e Tchê Tchê tiveram dificuldade para parar Matheus Pereira porque simplesmente era taticamente impossível marcar três jogadores com duas pessoas no setor. 

Luiz Henrique e Jeffinho, apesar de voluntariosos, não são pontas marcados por um grande trabalho tático, o que dificulta ainda mais a marcação. Por mais que o 4-4-2 tenha dado certo para Artur Jorge em Portugal, é uma formação que acaba potencializando os problemas individuais dos jogadores por não fortalecer o coletivo.

A defesa é o calcanhar de Aquiles do Botafogo desde o segundo turno do Brasileirão de 2023, quando a equipe desperdiçou uma vantagem de 13 pontos na liderança. Desde então, mudaram-se peças, mas o sistema segue com falhas estruturais. 

Tudo se intensifica quando o calendário do futebol brasileiro vem em questão. Artur Jorge, que tem pouco mais de uma semana à frente do Alvinegro, não terá tempo hábil necessário para implementar mudanças estruturais importantes neste começo de temporada. O time fará 12 jogos em 44 dias – média de um compromisso em pouco mais de três dias. 

– Tivemos também o fato de estarmos em vantagem no placar e a reação do adversário jogando em casa, procurando o resultado. Mas precisávamos não controlar o jogo, mas, com o controle de bola, sermos capazes de agredir o adversário e criar situações para buscar o gol. É um dos aspectos que temos que melhorar, há muito trabalho a fazer para conseguirmos colocar esse Botafogo dentro do patamar que achamos que podemos ter. Nada a dizer sobre o desempenho dos jogadores em termos de entrega, que quiseram a todo momento. O elenco é de grande qualidade, individual e coletiva. Vamos fazer melhor, mas hoje não foi um bom jogo em termos de resultado – analisou Artur Jorge. 

O Botafogo levou 23 gols em 22 partidas na temporada 2024. Tudo mostra que a dificuldade na marcação – como um geral, não citando apenas zagueiros e laterais – é a marca do clube em 2024. Uma formação com quatro zagueiros, no momento, é irreal e parece ser fechar os olhos para o principal problema da equipe.

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