Atualmente no Vitória, o técnico Thiago Carpini abriu o jogo sobre sua saída do São Paulo, consumada em abril deste ano. O treinador disse entender a decisão tomada pelo presidente Julio Casares, mas citou diversos percalços que, de acordo com ele, atrapalharam o trabalho.
Carpini fez uma avaliação de sua passagem pelo clube e citou alguns obstáculos, como a alta quantidade de lesões no elenco. Ele acredita que estes problemas geraram “desconfiança” e até mesmo “desconforto” entre os jogadores.
“O início foi muito bom. Estreias com vitória, o Campeonato Paulista fluindo. Eu conhecendo o elenco, isso requer tempo. Em 20 dias tivemos uma decisão como a Supercopa, contra um rival que vem ganhando títulos todos os anos em um período recente. Era muito importante esse título, para o São Paulo e para mim. Percebi que o título da Supercopa pesou menos que a eliminação para o Novorizontino. Teve o tabu, que foi maravilhoso para mim e para o clube. A classificação em primeiro no grupo, da maneira que foi, gerou uma certa desconfiança. As pessoas falando muito, potencializando a idade, falando que era muito jovem. As lesões, muitos jogadores importantes de fora. Eu fiquei no São Paulo por quatro meses. Depois da Supercopa, o Lucas só fez quatro jogos comigo. O Rato teve uma lesão e também jogou dois ou três jogos. Voltou contra o Talleres e machucou de novo. Tive muitos problemas de início de temporada, acho que tudo isso atrapalhou. Mas acho que a classificação, da forma que foi, e a eliminação para o Novorizontino, aí as coisas saíram um pouco do controle. Falaram coisas ruins, coisas da minha vida particular, que não são verdades. E vi que isso gerou um certo desconforto dentro do São Paulo. O elenco começou a ficar inseguro, ansioso pelo momento que vivíamos”, afirmou o treinador em entrevista ao Uol.
Carpini, porém, reconhece que a situação ficou “insustentável” após o mau início na Libertadores. Ele diz que a saída era “inevitável” e até fez bem para o São Paulo.
“Outro ponto determinante foi a estreia na Libertadores, contra o Talleres, em Córdoba. Eu nunca tinha vivenciado aquilo na minha vida. Nós trabalhamos durante a semana, montamos a estratégia, e aí eu perco o Lucas, o Rafinha e o Rato no primeiro tempo. E a última [lesão] acontece a três minutos do fim do primeiro tempo. Eu tive que segurar para o intervalo, senão eu não poderia fazer mais nada no segundo tempo. E aí justamente nesses três minutos a gente sofre o gol. Toda aquela atmosfera negativa, a maré não tava legal. Depois do fato acontecido, é fácil comentar, mas não sei se um outro treinador mais experiente faria tão diferente. E aí foram acarretando esses problemas. Depois a gente joga contra o Cobresal, em casa. A gente vence o jogo e, mesmo assim, sofremos vaias, críticas. A gente não conseguiu desfrutar mais nem das vitórias. Chegou um ponto que começou a ficar insustentável, as coisas caminharam para isso. Naquele momento, a minha saída era inevitável e necessária para que as coisas voltassem a acontecer dentro do São Paulo”, afirmou o treinador.
O comandante também falou sobre a forma como a diretoria do São Paulo conduziu a sua demissão. Ele demonstrou certo incômodo com o fato do Tricolor ter buscado outros técnicos antes mesmo de desligá-lo do cargo e acredita que faltou comunicação de ambas as partes.
Ainda assim, Carpini entende que o episódio “faz parte do futebol” e que o ajudou a “amadurecer”. O treinador ainda sonha com um retorno ao clube no futuro.
“É ruim [a situação]. A gente sabe que é inerente à profissão, não podemos dizer que é injusto. É do futebol. Acho que naquele momento faltou um pouco de comunicação de todas as partes. Já sabia que ia acontecer, não sou menino. Você começa a entender quando as coisas caminham para um final feliz ou não. E no São Paulo estava caminhando para isso [a demissão] por N situações. Talvez essa comunicação, da gente ficar sabendo pelas redes sociais, imprensa, foi um momento muito difícil da minha vida. Mas me amadureceu muito. O São Paulo me fez muito bem, saí muito melhor e muito mais preparado para novas oportunidades. Até mesmo no São Paulo em um futuro, quem sabe. Me deixaram as portas abertas”, comentou.