Foto: Reprodução/Acervo Pessoal
Um dos maiores clássicos do futebol brasileiro, Flamengo e Fluminense têm história de sobra em seu confronto de mais de 112 anos. As duas equipes se enfrentam novamente no sábado (16), pelas semifinais do Campeonato Carioca com o Fla em vantagem após vencer o primeiro jogo por 2 a 0. Para se classificar, o Flu precisa fazer três ou mais gols de diferença. O que aconteceu em 2003.
Mesmo que 21 anos atrás, o Estadual já convivia com polêmicas parecidas. O Maracanã era um problema — na verdade, um aparelho estatal deficitário —, a competição estava esvaziada e a televisão reduzira o pagamento pelos direitos de transmissão aos clubes. A ideia era diminuir também o tamanho da disputa.
Nas semifinais, Flamengo e Fluminense se enfrentavam com vantagem do empate para os rubro-negros, então vice-campeões da Taça Guanabara. O Vasco ficou com o título e enfrentou o Americano, de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, do outro lado da chave.
Depois de um primeiro jogo com igualdade no placar, o Fluminense conseguiria uma goleada por 4 a 0, reverteria a vantagem rival e se classificaria para a grande final contra o Vasco. Um jogo muito famoso até hoje.
— O Fla-Flu tem dessas coisas. Os favoritos perdem — afirmou Fábio Bala, atacante do Fluminense à época, à Trivela.
Carioca de 2003 teve reflexo do ‘Caixão-2002′
Depois de uma edição boicotada em 2002 que ficou conhecida como “Caixão” — em alusão a Eduardo Viana, presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) e apelidado de Caixa D’Água — o Campeonato Carioca de 2003 também teve suas polêmicas. A competição só teve o regulamento definido no meio de janeiro, menos de duas semanas antes do início da disputa.
A fórmula de disputa decidida, por acaso, é exatamente a mesma que em 2024, que se repete desde 2021 no Rio de Janeiro. A ideia foi também igual: enxugar a competição. Em 2002, os finalistas Fluminense e Americano disputaram 28 jogos em dois turnos com mais outras duas fases: uma semifinal com dois grupos em quadrangular e a decisão.
O Caixão 2002 se arrastou durante o ano, foi boicotado pela Globo e por outras empresas de mídia e teve jogos até durante a Copa do Mundo, que era disputada em Japão e Coreia do Sul. Os clubes priorizaram o Torneio Rio-São Paulo e a Copa dos Campeões e jogaram o Estadual com reservas. No fim, para lutar por uma taça em seu centenário, o Flu usou titulares e acabou campeão.
Já em 2003, a competição recuperava o prestígio. O Fluminense tinha feito boa campanha no Brasileirão em 2002, chegou a ser líder e foi eliminado na semifinal pelo Corinthians. Na virada do ano, se desmontou e disputava o Campeonato Carioca com Moleques de Xerém e apostas.
Fluminense goleou Flamengo por 4 a 0 e se classificou para a final
Na Taça Guanabara, o Tricolor ficou atrás do campeão Vasco e do vice Flamengo. Na semifinal, enfrentou o Rubro-Negro e precisou reverter a vantagem do empate que o Fla manteve após 1 x 1 no jogo de ida.
Em 15 de março de 2003, exatos 21 anos atrás, o Fluminense então comandado por Renato Gaúcho colocou o Flamengo de Evaristo de Macedo na roda. Fernando Diniz, hoje o treinador do Flu, entrou no segundo tempo do jogo.
— A gente ficou tocando a bola por dois minutos, o Flamengo com menos dois, a torcida do Fluminense gritando olé e eles se desesperaram — lembrou Fábio Bala.
O técnico autor do gol de barriga no clássico épico de 1995 pedia de sua área técnica para o Tricolor reduzir o ritmo. Do outro lado, o ídolo rubro-negro chamou o goleiro Júlio César de “burro” depois que seu time perdeu a cabeça.
Depois de abrir 1 a 0 no primeiro tempo, com Ademílson, o Flu ficou com um a mais quando o zagueiro Fernando foi expulso direto por carrinho em Alex Oliveira. O placar já estava em 3 a 0 — o que seria suficiente em 2024 — quando o lateral-direito Alessandro também foi mais cedo para o chuveiro. No fim, Fábio Bala, de pênalti, marcou mais um e fechou o placar em 4 a 0.
Fla-Flu teve Júlio César ‘na linha’ e Evaristo de Macedo ‘pistola’
Com dois a menos, o Flamengo viu o Fluminense marcar 4 a 0 e já estava eliminado em campo. Aí, Júlio César saiu driblando de seu gol e só parou no ataque, para desespero de Evaristo de Macedo.
— Foi um jogo especial. Empatamos o primeiro jogo, eu estava machucado, não joguei. Sofri uma lesão no último jogo da Taça Guanabara e fiquei muito triste. O Marcelo jogou no meu lugar. No segundo jogo, eles se achavam muito favoritos. Tinham um elenco com mais jogadores famosos, importantes e estavam em vantagem. Nosso time era de garotos, quase todo mundo de Xerém e apostas. Mas goleamos — recorda.
No fim do jogo, ainda de cabeça quente, Júlio César rebateria.
— Ele acha que eu fui burro? Burro é ele — declarou o goleiro, ainda jovem, mas já ídolo do Flamengo.
Fluminense precisa fazer três gols de diferença para eliminar Flamengo
Com a derrota por 2 a 0 no jogo de ida e a vantagem do empate para o Flamengo, o Fluminense precisa vencer o arquirrival por três ou mais gols de diferença para ir à final do Campeonato Carioca. Para isso, precisará fazer um grande jogo que ainda não fez em 2024 e superar a forte defesa do Fla, que não sofreu gols com titulares em jogos oficiais na temporada.
Ainda assim, Fábio Bala confia na virada do Fluminense.
— Vai ter que ser 3 a 0, é o meu palpite para o jogo. Eu confio que o Fluminense consiga virar. Vamos golear mais uma vez. Acho que 3 a 0 está bom — finalizou o ex-atacante.
Para o jogo, o Flu não terá Thiago Santos, suspenso, nem Marlon, Samuel Xavier e Douglas Costa, lesionados. No treino de quinta (14), Fernando Diniz voltou a testar André como zagueiro e manteve Renato Augusto no time titular, conforme informação do Sentimento Tricolorconfirmada pela Trivela.