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Desencontros e críticas: Pedrinho se vê isolado e tem relação fria com a SAF do Vasco

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 Foto: Thiago Ribeiro/AGIF

Presidente insiste em reunião com executivos da 777 e quer ser ouvido pela gestão

Dois meses após tomar posse como presidente do Vasco, Pedrinho ainda não conseguiu acertar o passo com a SAF. A relação entre as partes é fria, esporádica e marcada por pendências que o presidente do clube associativo tenta resolver diretamente com a 777 Partners, sócia majoritária do futebol vascaíno.

O capítulo mais recente ocorreu na reunião do Conselho Administrativo da SAF, há exatamente um mês, no dia 23 de fevereiro. Pedrinho e o seu 1º vice-presidente Geral, Paulo Salomão, entraram no encontro virtual, mas não participaram das discussões. 

O presidente e seus aliados acreditam que a pauta da reunião tinha assuntos irrelevantes para o momento do clube. O ge apurou que Pedrinho queria que os representantes da SAF (como o CEO Lúcio Barbosa) saíssem da videoconferência para que ele pudesse conversar somente com os executivos da 777 Partners (Don Dransfield, Nicolas Maya, Steven Pasko…). 

O conselho alegou que aquele não era o espaço para isso, e Pedrinho, então, saiu da reunião. Josh Wander não estava entre os presentes. 

Pedrinho tem insistido na necessidade de uma reunião presencial com os sócios para rever a relação com a SAF – embora, informalmente, esteja conversando com algumas pessoas da 777, como o chefe de operações Nicolas Maya. 

O ex-jogador tem críticas relacionadas à gestão e quer ouvir a percepção dos executivos sobre o trabalho. No futebol, por exemplo, o time recebeu investimento milionário, mas em 2023 correu risco de rebaixamento até a última rodada e recentemente foi eliminado do Carioca pelo Nova Iguaçu.

As duas partes, porém, não conseguem chegar a um acordo quanto à data do encontro presencial. Havia uma possibilidade de os executivos virem para o Brasil nas semifinais do Carioca, o que não ocorreu. Em outro momento, Pedrinho e seus diretores dizem que se colocaram à disposição para ir a Miami, mas foram informados de que Josh Wander estava em Londres. 

Do outro lado, pessoas ligadas à SAF afirmam que ofereceram ao grupo de Pedrinho três datas para a reunião (duas delas fora do Brasil, em Miami e em Londres), mas não obtiveram retorno. Os americanos garantem que estão dispostos a conversar. A reportagem procurou Pedrinho e os dirigentes da 777, que preferiram não se manifestar. 

Distante da gestão da SAF

Pedrinho entende que, como sócio minoritário, não tem a palavra final, mas gostaria de ter mais diálogo e acesso a informações. A associação deseja ser ouvida sobre o destino do investimento e acredita que Lúcio Barbosa comete um erro ao se reportar somente à 777, sócia majoritária. “Ele também é nosso funcionário”, afirma uma pessoa ouvida pelo ge em referência aos 30% que o clube detém da SAF. 

Nas últimas semanas, Lúcio chegou a perguntar a Pedrinho qual setor do ataque o clube deveria priorizar no mercado: um centroavante ou um jogador de lado. A SAF acabou contratando Clayton Silva, que atua centralizado. Tratou-se de uma exceção na visão de quem acompanha o presidente, que considera os contatos esporádicos, superficiais e gostaria de se aproximar mais do futebol. 

A 777, como detentora dos 70% das ações, tem o poder de tomar as decisões no futebol do Vasco. Ao clube associativo, cabe a fiscalização do cumprimento de cláusulas contratuais como, por exemplo, os aportes financeiros e o pagamento de dívidas, que estão em dia. A SAF entende que algumas alas políticas do clube ainda não assimilaram o novo momento do Vasco e que não é a troca de um presidente que fará pressão sobre o modelo do negócio. 

A reunião entre as partes será um capítulo-chave para alinhar o futuro da relação. Será de cobranças por parte do clube associativo, já que a atual gestão não concorda com as condições da venda da SAF, concluída na administração de Jorge Salgado. Para o atual presidente, há erros no Vasco que vão além do planejamento do futebol. 

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Outra situação que indica o distanciamento entre as partes é o fato de o presidente ainda não ter ido ao CT Moacyr Barbosa. Não houve um convite, por exemplo, para que Pedrinho conheça comissão técnica, elenco e dependências do Vasco. Ele entende que esse é o menor dos problemas, mas se sente isolado. 

Não há proibição para Pedrinho frequentar o centro de treinamentos. Pessoas da SAF dizem que falta comunicação, o que existia com Jorge Salgado. O ex-presidente se encontrou algumas vezes com os jogadores do Vasco, mas partia dele o pedido. Algo que estaria também aberto ao atual mandatário. 

A equipe do atual presidente, porém, prefere aparar as arestas antes dessa aproximação. Hoje, pelo momento da relação com a SAF, eles não se sentem à vontade para frequentar o CT. Esperam, primeiro, resolver as pendências e ouvir as explicações sobre o planejamento da gestão. 

Na busca por melhorar o diálogo, Pedrinho e 777 devem conversar nos próximos dias. O presidente também vai esclarecer à imprensa as ações dos primeiros dois meses de trabalho – ele convocou uma entrevista coletiva para a próxima quarta-feira.

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