Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Dono da SAF do Botafogo mostrou fatores e manteve investigação no Senado
A missão de John Textor em Brasília foi cumprida. O dono da SAF do Botafogo apresentou as evidências que possui em uma sessão secreta, realizada nesta segunda-feira, no Senado, com parlamentares e manteve as investigações na CPI das manipulações de jogos e apostas esportivas vivas. Os parlamentares levantaram que há indícios suficientes para buscarem mais provas a partir de depoimentos de outras pessoas.
O norte-americano foi o primeiro convidado a depor por causa das declarações recentes. No início do mês, o executivo afirmou que “tem provas de que o Palmeiras vem sendo beneficiado por dois anos” e acusou cinco jogadores do São Paulo de terem manipulado a goleada sofrida para o Alviverde no Brasileirão do ano passado.
Após mais de uma hora de sessão aberta, marcada praticamente por perguntas de Romário (PSB-RJ) ao norte-americano, todos os envolvidos foram para uma reunião secreta, longe de câmeras, imprensa e celulares. O ex-atacante, vale ressaltar, não participou do encontro por um problema de saúde, mas foi representado por um assessor.
Nela, Textor mostrou todas as evidências que possui, revelando nomes que supostamente estão envolvidos em manipulação de resultados. Além disso, também mostrou jogos, baseados em mais de 180 páginas de relatórios da empresa francesa “Good Game!”, que poderiam ter passado por influência.
As conversas saíram do campo do texto. Textor também mostrou vídeos, alegando possíveis movimentações estranhas de lances suspeitos. Isto, vale ressaltar, já havia sido mostrado em reunião com Felipe Bevilacqua, vice-presidente do STJD, em reunião com a instituição na última sexta-feira.
A novidade passou por análises de lances do VAR. Textor alegou que nem tudo que é mostrado para o telespectador e aos árbitros no monitor é 100% fiel em relação ao que aconteceu em campo. Ele mostrou comparações e deu exemplos. Este foi considerado o fator mais impressionante pelos presentes na reunião.
Textor considerou a reunião positiva e gostou do que foi conversado. O exposto pelo norte-americano foi suficiente para manter as investigações e a CPI já prevê convocar Leila Pereira, presidente do Palmeiras, e Julio Casares, presidente do São Paulo, para depor.
John Textor entrega relatório com supostos indícios de manipulação no futebol — Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
O que falaram os senadores
Jorge Kajuru
– Nós chegamos a uma conclusão simples e objetiva. Tivemos conhecimento a diversos indícios, não queremos falar em provas. Foram indícios importantíssimos. Não quero dizer que participamos de uma conversa de uma hora, teve muito conteúdo. Foi prazeroso, a gente só tem que agradecer a toda equipe, muito bem qualificada. Não se tratou apenas do CEO do Botafogo trazer indícios do Botafogo, ele mostrou outros jogos, outras imagens. Temos indícios suficientes para investigar independentemente quem nos interesse em próximas reuniões.
Carlos Portinho
– Quero agradecer ao nosso convidado. Ele é o mensageiro e é importante que todos aqueles que nos assistem e que tenham denúncias para fazer. Há conteúdo. Me espanta como a CBF, a maior responsável pela integridade no futebol no Brasil, não foi a fundo, como o STJD, que trabalhei durante minha carreira, não foram a fundo nisso. Há elementos técnicos nisso. Há razões para investigar. O que Textor trouxe podem não ser evidências claras, já com pedidos de prisões, mas são fundamentais para preservação da integridade e para quem pense em fraudar, que desiste. Com o que nos traz a tecnologia, é imensurável. Deve ser dado crédito a todo material que foi produzido. Espero que essa CPI muitos John Textor, que venha e denuncie com conteúdo, porque iremos sem medo. Aqui nós damos credibilidade. Se você estiver 100% certo ou 100% errado, já valeu, porque sairemos daqui com melhorias para o futebol brasileiro. O que você nos traz aqui é, no mínimo, um alerta que o governo e as federações precisam se preparar rápido. Há casos de má preparação e edição do VAR, mudança do que se assiste na TV. Quero dizer a você, John Textor, e digo como torcedor de outro time, que o resultado é consequência da boa gestão financeira. O que você está fazendo com o Botafogo é exemplar e a torcida deveria ter orgulho do que o clube fez ano passado.
Hiran Gonçalves
– Eu quero agradecer a presença do John Textor e como já foi falado, as evidências são muito claras que precisamos nos abordar as investigações. Isso vai se tornar público. Quando os jogadores virem o que nós vimos ali, vão pensar duas vezes em arrumar resultados. Ficarão com a orelha em pé. Quero pedir como botafoguense que contrate dois zagueiros rápido, porque Lucas Halter e Bastos estão fazendo a gente sofrer (risos).
Eduardo Girão
– Quero cumprimentar mais uma vez o John Textor pela vinda aqui, dizer que os indícios realmente transcenderam a questão do comportamento dos jogadores, mas foram para o VAR. Temos que entender porque que aconteceu, o que a CBF tomou de providência ou não. Nós estamos aqui para proteger o futebol brasileiro, é um patrimônio do nosso povo. O advento das apostas esportivas me preocupa, eu recebo muitos torcedores que perderam e a médio prazo os clubes vão perder, porque os torcedores vão deixar de pagar. Nós temos que tomar medidas com a questão de patrocínio nas camisas, divulgação, jogadores fazendo propagandas, isso tudo gera conflito de interesse. Não podemos matar a galinha dos ovos de ouro.