A derrota de Rafael Macedo por acúmulo de shidos (punições) na disputa da medalha de bronze do judô, nas Olimpíadas de Paris 2024, deixou muita gente confusa nesta quarta-feira. O judoca brasileiro fazia boa luta contra o francês Maxime-Gael Ngayap Hambou e havia chegado perto de emplacar um waza-ari momentos antes, mas após tentar uma chave de braço no chão, foi punido e recebeu seu terceiro shido, mas não ficou claro imediatamente qual era o motivo da punição. A vitória de Hambou veio na sequência.
Rafael Macedo, do Brasil, em disputa com Maxime-Gael Ngayap Hambou, da França, no judô — Foto: REUTERS/Kim Kyung-Hoon
Inicialmente, acreditou-se que a punição veio por conta de uma pegada por dentro da manga do adversário. Na página 32 de um documento que explica as regras do judô no site oficial da Federação Internacional de Judô (FIJ), é dito que “pegada por dentro da manga e pegada por dentro do fundo da perna da calça é um shido”.
Regra de pegada por dentro da manga do judô considerada shido e que eliminou Rafael Macedo na disputa do bronze na categoria até 90kg nas Olimpíadas de Paris 2024 — Foto: Reprodução / IJF
Contudo, o ge apurou que a punição foi dada pelo movimento de trançar a cabeça de Hambou com as pernas sem ter o controle do braço. Na página 46 do apêndice D das regras de arbitragem da FIJ, o item 27 do artigo 18.1.2 inclui entre as penalidades: “usar as pernas para ajudar a pegada ao redor da cabeça do oponente sem nenhum braço do oponente é matê e shido.”
Comentarista do sportv e ex-judoca olímpica, Maria Suelen Altheman explicou a punição durante a transmissão da luta.
– Ele pegou realmente na manga, já foi motivo de dar punição, e esse movimento não pode, porque força a cervical, só a cabeça está presa. Não pode trançar o pé. Se o braço estivesse junto, aí sim, é movimento regular, só a cabeça, é um movimento irregular, principalmente porque ele fecha, ele trança os pés – disse Maria Suelen.
Chefe de equipe do judô brasileiro, Marcelo Theotonio descreveu a conversa que teve com a arbitragem após a luta.
– Realmente ficou confuso, não entendemos a punição. Inicialmente entendemos que ele tinha dado punição por pegar dentro do quimono. Não foi isso, não ficou claro. Quando fomos até a mesa, conversar com os responsáveis pela arbitragem, essa posição, quando você pressiona só a cabeça, é realmente considerado matê e shido. Seria esse último ponto que o Rafael sofreu. O duro é que tem um guia que mostra uma situação um pouco diferente. Mas ali eles abriram um outro guia, com uma regra mais atualizada, e mostra que é shido. É uma pena, lamentável. Era evidente que o Rafael estava superior na luta. É bastante discutível, mas ele vai manter o foco na disputa por equipes – revelou Theotonio.
O judoca francês Maxime-Gael Ngayap Hambou respondeu que entendeu na hora o que havia acontecido.
– Sim ele [Rafael] ficou um pouco em dúvida pela decisão, mas eu entendi na hora que ele fez uma “pegada” sem meu braço, e foi por isso que mostrei ao juiz. Uma pegada com a perna ao redor do meu pescoço – explicou.