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O principal assunto no início da F1 2024 passa longe de ser a vitória de Max Verstappen no GP do Bahrein, na abertura do calendário. Desde antes do começo da temporada, a elite do automobilismo foi tomada por discussões acerca dos bastidores da RBR – que incluem principalmente uma investigação sobre o chefe Christian Horner e as críticas públicas de Jos Verstappen, pai de Max, ao dirigente. Relembre os principais fatos e entenda o caso abaixo.
As acusações
Tudo começou no início de fevereiro, quando o jornal holandês De Telegraaf noticiou que Horner estava sob investigação por suposta conduta imprópria, de cunho sexual, em relação a uma funcionária. A empresa que dá nome à RBR anunciou que investigaria o caso com uma auditoria independente à marca de energéticos.
Em meio às investigações nos bastidores, a Ford – que fará parceria com a RBR e a RB a partir da F1 2026, em acordo de motores – se queixou da falta de transparência do time. A montadora americana reforçou ter “valores inegociáveis” e cobrou um relatório completo das descobertas.
Horner seguiu desempenhando normalmente suas funções de chefe, comparecendo ao lançamento do carro RB20 e também à pré-temporada da F1 no Bahrein. Uma semana antes da revelação do veículo da equipe para o campeonato, o britânico de 50 anos compareceu a uma reunião sobre o caso. O encontro durou oito horas, mas seu desfecho foi “inconclusivo”.
O veredito
Por fim, depois de oito semanas de investigação, o dirigente foi liberado das acusações de conduta imprópria – mas a RBR não divulgou grandes detalhes, reforçando apenas que acreditava no teor “justo, rigoroso e imparcial” da análise. A funcionária que fez a denúncia contra Horner, de acordo com a nota, tem direito a recurso.
Entretanto, no dia seguinte ao veredito, o caso sofreu uma nova reviravolta. Uma fonte anônima divulgou uma pasta com 79 supostas provas da denúncia a jornalistas, dirigentes e membros do alto escalão da FIA e da F1. A veracidade das mensagens ainda não foi verificada, mas o conteúdo repercutiu imediatamente. Horner disse que não comentaria especulações anônimas.
Repercussão na F1
O assunto dominou o noticiário da F1 e inspirou até uma reação do presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem. O gestor disse que o assunto estava prejudicando o esporte, e também se queixou do foco da categoria nos bastidores em meio à abertura da temporada.
Chefe da RBR e presidente da FIA, Christian Horner e Mohammed ben Sulayem conversam antes da classificação para o o GP do Bahreind e F1 2024 — Foto: Peter Fox – Formula 1/Formula 1 via Getty Images
Ben Sulayem ainda teria pedido a Max Verstappen, piloto da RBR, que apoiasse publicamente o chefe, mas o tricampeão negou a solicitação. Nos dias que sucederam a liberação de Horner da investigação, o chefe da Mercedes, Toto Wolff, e o CEO da McLaren, Zak Brown, também se manifestaram – e a dupla criticou a condução do caso, cobrando transparência da F1.
Mas nenhuma crítica ao caso foi tão contundente quanto a de Jos Verstappen, pai do tricampeão Max. Depois de discutir com Horner no Bahrein, o ex-F1 declarou a dois jornais que a RBR iria “explodir” caso Christian seguisse no comando. Ele também alegou que o dirigente britânico estaria “se fazendo de vítima, quando é ele quem está causando problemas.”
Rumores de uma possível ida de Max para a Mercedes também ganharam força depois que Jos foi visto conversando com Toto Wolff em Sakhir – mas, até o momento, tudo não passa de especulação.
Coube a Max Verstappen sair em defesa do pai, destacando que Jos “não é mentiroso” em meio às críticas a Horner. O tricampeão, entretanto, não repetiu as opiniões do ex-F1. A todo o momento, quando perguntado sobre os desdobramentos do caso, o holandês preferiu direcionar o foco para a performance do RB20 nas pistas.
Horner reage e RBR suspende funcionária
Depois da vitória de Max Verstappen no GP do Bahrein, na abertura da F1 2024, Horner reiterou não ter quaisquer temores sobre sua continuidade no cargo de chefe de equipe, que ocupa desde 2005. No dia da corrida em Sakhir, o dirigente chegou ao circuito de mãos dadas com a esposa Geri Halliwell, ex-Spice Girl, com quem foi amplamente fotografado. Horner também posou para fotos com Chalerm Yoovidhya, bilionário tailandês e principal acionista da empresa que dá nome à RBR.
Já no fim de semana do GP da Arábia Saudita, o caso ganhou um novo desdobramento. Segundo múltiplos veículos da imprensa europeia, a RBR suspendeu a funcionária que fez a denúncia contra Horner. Depois, na entrevista coletiva dos chefes de equipe, Horner subiu o tom e clamou pelo fim da “intromissão na família” em meio à polêmica.
F1: Christian Horner, chefe de equipe da RBR, chega ao GP do Bahrein acompanhado pela esposa Geri Halliwell — Foto: Clive Mason/Getty Images
O que diz o grid
Os 20 pilotos da F1 2024 têm opiniões distintas sobre a repercussão do caso. Por um lado, nomes como Lewis Hamilton lamentaram o desconforto causado no público em meio à resolução dos problemas; George Russell, companheiro do heptacampeão na Mercedes, concordou com a opinião.
Por outro, o bicampeão Fernando Alonso relacionou as discussões sobre polêmicas fora das pistas – incluindo não apenas o caso Horner, mas também as investigações sobre o presidente da FIA – a uma possível falta de atratividade dentro delas. Na opinião do espanhol, o domínio da RBR na F1 gera uma busca por outros assuntos nos bastidores.
GE.