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Felipe Melo se afasta do politicamente correto e rejeita antigo apelido: “Hoje qualquer um é pitbull”

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Foto: Marcelo de Jesus

Capitão do Fluminense admite erros, garante que expulsão na Copa de 2010 nunca tirou seu sono, comenta proximidade com Jair Bolsonaro e explica relação com Flamengo: “Não amo mais”

Réplicas de taças de Libertadores, foto de uma encarada em Messi nas eliminatórias e até quadro com um direto que deu num jogador uruguaio. Foi no minimuseu caseiro que Felipe Melo recebeu o Abre Aspas para a entrevista mais ao seu estilo da carreira

Abre Aspas: Felipe Melo rejeita ser pitbull e se declara a Fluminense e Palmeiras

Abre Aspas: Felipe Melo rejeita ser pitbull e se declara a Fluminense e Palmeiras 

Para além dos casos de Daniel Alves e Robinho (ex-companheiros de Seleção e condenados por estupro), o jogador reviu a trajetória desde Volta Redonda (RJ) até a idolatria na Turquia. Também lembrou os tempos turbulentos da juventude, falou da relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro e lembrou os tempos de Brizolão – apelido dos Centros Integrados de Educação Pública (Ciep) – em São Gonçalo. 

Próximo dos 41 anos, Felipe reconheceu excessos, mas afirmou que deveria ter disputado mais Copas do Mundo. E, por falar em Mundiais, o “pitbull” – que já não quer mais ser chamado assim, por crer que o apelido se popularizou – também contou que a expulsão em 2010, por pisão no holandês Sneijder, nunca o fez perder o sono. Ao Fluminense, seu atual clube, fez juras de amor pela recepção em dezembro de 2021. Um sentimento que já não nutre pelo Flamengo, rival que o revelou. 

Felipe Melo faz planos para o futuro: “Posso treinar qualquer equipe no mundo. Estou aprendendo com o Diniz, a comissão técnica” — Foto: Marcelo de Jesus 

  • Nome completo: Felipe Melo de Carvalho
  • Nascimento: 26 de junho de 1983, em Volta Redonda (RJ)
  • Carreira: Flamengo, Cruzeiro, Grêmio, Mallorca (ESP), Racing Santander (ESP), Almería (ESP), Fiorentina (ITA), Juventus (ITA), Galatasary (TUR), Internazionale (ITA), Palmeiras, Fluminense e seleção brasileira
  • Principais títulos: Copa Libertadores (2020, 2021 e 2023), Recopa Sul-Americana (2024), Copa das Confederações (2009), Campeonato Brasileiro (2003 e 2018), Copa do Brasil (2003 e 2020). Na Turquia, foi tricampeão do Campeonato Turco e bicampeão da Supercopa da Turquia

À beira dos 41, Felipe adia aposentadoria: “Quero jogar esse super Mundial nos EUA. Vamos ver o que o presidente vai querer” — Foto: Marcelo de Jesus 

Confira a entrevista com Felipe Melo:

ge: Como foi esse início no futebol em Volta Redonda? 

— Até os meus oito, nove anos de idade, morei em Volta Redonda. Meus pais moram lá até hoje, não largam por nada. Mas cresci no Rio de Janeiro. Vim para o Flamengo muito cedo. Tive que abdicar de certas coisas para tentar me tornar atleta de futebol. Comecei em uma escolinha do professor Militão em Volta Redonda, passei pela escolinha do falecido seu Valdir, até chegar à escolinha do Nelson Aguiar. Lá comecei a me tornar um atleta diferente, porque a gente ganhava os campeonatos regionais. Nós vencíamos de cinco para cima… Fui oito, nove vezes campeão regional, jogávamos contra várias escolinhas. Entre elas o próprio Volta Redonda, que é um clube gigante na nossa região. Jogamos contra alguns clubes considerados grandes. O Guarani e a Ponte Preta, Vasco, Botafogo, Fluminense, Flamengo. Entre esses jogos, recebi o convite para começar no Flamengo. Foi aí que começou a minha trajetória em um grande clube. 

— Era campo. Joguei futebol de salão muitos anos no Municipal de Barra Mansa, nós disputávamos o estadual, vínhamos para o Rio sempre. Depois fui para o Tio Sam. Eu gostava muito de jogar futebol de salão, e o Tio Sam me ajudou muito porque pagava. Era muita correria, acordava muito cedo, ia para a escola. Era a época em que meu pai me pegava, ia comendo marmita no carro, dava marmita para o meu pai. Minha mãe deixava tudo prontinho, depois comia minha marmita, ia para o Flamengo treinar e do Flamengo ia para o Gragoatá, em Niterói. Atravessava a Ponte (Rio-Niterói) para ir treinar, porque eu ganhava para jogar no Tio Sam, e voltava. Chegava em casa à 1h, 2h da manhã. Era uma correria louca, muito sacrificante. Mas costumo dizer em casa que não tinha outra opção. Era o futebol ou era o futebol. Então eu e meus pais deixamos toda a nossa energia, tudo que nós podíamos fazer, para que me tornasse um atleta profissional. 

— No Tio Sam, fui eleito o melhor jogador de futebol de salão do Rio de Janeiro. Não lembro a época, nós perdemos a final do estadual para o Vasco. Uma final épica, no primeiro jogo foi 3 a 3. No segundo jogo estava 3 a 3 e o falecido Thiago Jotta, que foi assassinado no Rio de Janeiro, fez dois gols e nós perdemos aquele campeonato. Mas fui eleito o melhor jogador do Rio de Janeiro de futebol de salão. 

Seu pai era metalúrgico da CSN. Como era a vida dos seus pais? Sua mãe também trabalhava?

— Minha mãe tinha trabalho árduo de cuidar das crianças, da casa, ajudar o meu pai a deixar tudo certinho, para o meu pai pensar apenas em trabalhar. Meus pais se sacrificaram muito. Eu lembro de quantas vezes o meu pai entrava às 12h, era das 12h às 18h e fazia serão (horas extras). Em vez de ficar das 12h às 18h, dobrava e saía à 0h, às 6h da manhã. Virava a noite para ter um pouco mais de dinheiro. E aqueles serões que ele fazia, ele combinava com os outros amigos, trabalhava por eles para poder me levar para o treino. 

— Por isso, muitas vezes, meu pai falou “Fica olhando para mim (no volante) porque eu tô com muito sono”. Eu ficava olhando, ele fechava o olho e eu falava “Pai, vamo parar, vamo parar”. Muitas vezes eu ia dando comida na boca do meu pai. Quando não dava para o meu pai me levar, eu ia de ônibus com a minha mãe. Como eu era muito novinho, não tinha como, até chegar uns 10 ou 11 anos, aí eu já andava de ônibus sozinho para tudo que era lado.

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