(Foto: FIA)
Buscando uma solução para driblar o constante aumento do ‘ar sujo’ gerado pelos carros e, consequentemente, facilitar a vida dos pilotos na tentativa de efetuar uma ultrapassagem, a Fórmula 1 decidiu adotar o DRS (sigla para Drag Reduction System) a partir da temporada 2011. De lá para cá, o dispositivo foi alvo de muitas críticas e questionamentos, mas permaneceu nos bólidos mesmo após a última mudança de regulamento, que aconteceu em 2022.
O uso da ‘asa móvel’, como também ficou conhecido, só é permitido sob algumas condições. Em primeiro lugar, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) determina em quais locais de cada circuito os pilotos podem ativar o dispositivo, estabelecendo um, dois, três ou até mesmo quatro setores do traçado próprios para isso. No entanto, mesmo dentro de uma dessas zonas de DRS, o competidor só pode tirar proveito da redução do arrasto se estiver a menos de 1s do rival à frente.
Mesmo com a introdução das novas regras há quase três anos, que trouxe de volta o chamado ‘efeito-solo’ à categoria principal do automobilismo, o DRS permaneceu sendo utilizado da mesma forma. Além da intenção de ser usado para que uma comparação fosse possível entre os modelos da nova e da antiga geração, o aumento do downforce gerado pela parte inferior do carro de 2022 reduziu o arrasto na parte superior, o que, por consequência, diminuiu a geração do vácuo, dificultando a vida dos pilotos que seguem atrás. Como resultado, as ultrapassagens continuariam sendo um problema a ser resolvido e, por isso, o dispositivo foi mantido.
No entanto, sempre foi desejo das equipes, pilotos e da própria FIA se livrar do DRS. Jason Somerville, que trabalha na função de chefe de aerodinâmica do órgão dirigente do esporte a motor, sugeriu anteriormente que o novo regulamento de 2026 poderia eliminar em definitivo a asa móvel. “Acho que o DRS, para nós, é um recurso muito ajustável”, disse em entrevista ao jornalista Peter Windsor.
“Ele depende muito de cada circuito, e pode ser permitido ou proibido”, continuou. “Acho que a maioria de nós sente, a longo prazo, que gostaríamos muito de eliminar o DRS se for possível. Mas não achamos que isso seria necessariamente a coisa certa a fazer da noite para o dia, já nesse atual regulamento”, finalizou.
Dois anos e meio depois da última mudança nas regras, agora finalmente há um fim em vista para o DRS. Com a nova regulamentação, divulgada no início de junho, foi anunciado que os carros não contarão mais com o dispositivo em 2026. Mas isso não quer dizer que a Fórmula 1 aprendeu a contornar o problema, já que uma nova ferramenta foi desenvolvida para auxiliar os pilotos na hora de efetuar as ultrapassagens.
Daqui a pouco mais de um ano, os novos modelos terão à disposição o MOM (sigla para Manual Overtake Mode) para assumir uma função parecida ao do DRS. Quando o Modo de Ultrapassagem Manual for acionado, os competidores terão um ganho de potência quando estiverem próximos aos carros da frente. Jan Monchaux, diretor-técnico de monopostos da FIA, explicou melhor.
“MOM funciona de forma similar ao DRS. Se o piloto estiver dentro de uma dada distância, antes do fim de uma volta, do carro à sua frente, então, na volta seguinte, ele terá a possibilidade de usar mais energia elétrica do que seu oponente”, começou o dirigente. “Esse aumento de energia elétrica está lá para substituir o que costumava ser a abertura da asa traseira, para dar ao carro aquele empurrão extra para potencialmente tentar uma ultrapassagem”, encerrou.
Vale lembrar, no entanto, que o novo dispositivo só entra em vigor a partir do regulamento de 2026 — até lá, os pilotos continuarão tendo de continuar lidando com o problema, que está ficando cada vez pior. Nas 18 rodadas disputadas até aqui na temporada 2024, os competidores tiveram um total de 42 zonas de DRS à disposição — um número maior do que qualquer uma das três temporadas anteriores.
A Fórmula 1 agora só volta entre os dias 18 e 20 de outubro para o GP dos Estados Unidos, em Austin.