Placar de 2 a 0 acabou sendo magro para o amplo domínio no primeiro clássico da semifinal
A primeira vaga na final do Campeonato Carioca só será definida no próximo sábado, mas na prática o martelo já poderia ter sido batido na noite passada. Com uma consistência assustadora para os adversários, o Flamengo anulou o Fluminense, dominou o clássico de ponta a ponta e poderia ter goleado o rival no Maracanã por quatro, cinco, seis gols de diferença. Mas a “magra” vitória por 2 a 0, apesar de dar uma boa vantagem, ainda deixou o confronto em aberto.
Afinal, qual rubro-negro já conseguiu esquecer da final do último Carioca? O Flamengo ganhou pelos mesmos 2 a 0 o Fla-Flu da ida em 2023, mas na volta foi goleado por 4 a 1 e perdeu o título. Agora, há a diferença de ser na semifinal e o Fla ter vantagem de dois resultados com mesmo saldo. Ou seja, esse time do Tite que se recusa a tomar gol teria que levar três e não fazer nenhum para não se classificar. Ainda assim, digamos que a “gordura ainda não permite cortar a dieta”.
Dos três Fla-Flus da Era Tite até aqui, esse último foi disparado o de melhor atuação. No do returno do Brasileirão do ano passado, o Flamengo dominou o primeiro tempo, mas perdeu o controle no segundo. No da Taça Guanabara, pegou um Fluminense bem mesclado e foi superior, mas sem criar tantas chances assim. No de sábado, o time fez um jogo quase perfeito taticamente, soube anular as armas do rival e sobrou em campo.
O Flamengo soube explorar um meio de campo menos marcador do Fluminense para ter domínio do setor; a pressão na saída de bola foi feita com excelência; a recomposição dos pontas esteve impecável, e os adversários mais talentosos estavam com dobras de marcação. Um exemplo foi um lance de Arias, um dos principais nomes do Fluminense. Aos 29 do segundo tempo, ele arranca do campo de defesa, escapa do carrinho de Arrascaeta, passa no meio de Igor Jesus e Cebolinha, e logo chega Viña para tomar a bola.
O que faltou então para ser perfeito? Perfeição é algo muito raro no futebol, sempre há erros, de menor ou maior gravidade. Considerando a eficiente pressão na saída de bola, o time só deu uma bobeira, que acabou sendo a origem da única chance de gol do adversário no jogo. Aos 20 minutos do primeiro tempo, Pedro foi dar combate em Thiago Santos na linha de fundo, e Cebolinha “largou” Arias para fechar o corredor. O Fluminense conseguiu uma rara quebra de linhas, e Guga cruzou para um livre Diogo Barbosa. Estava 0 a 0, a sorte foi que ele finalizou mal.
Exceto por esse lance, o Flamengo não sofreu em nenhuma das outras sete finalizações do Fluminense. E mesmo no melhor momento do Tricolor no jogo, que foi na volta do intervalo, não levou perigo. Rossi não precisou fazer nenhuma defesa e só precisou trabalhar saindo do gol em algumas bolas aéreas. Já no ataque os números mostram bem o volume rubro-negro: 23 finalizações e nove chances de gol. Vamos a elas:
Scout – Fluminense x Flamengo
Quesito
Fluminense
Flamengo
Posse de bola
52%
48%
Finalizações
8
23
Chances de gol
1
9
Passes (precisão)
409 (85%)
393 (86%)
Desarmes
10
13
Faltas
10
20
Escanteios
3
9
Impedimentos
2
0
A maioria foi no primeiro tempo, quando o Flamengo tomou conta do meio de campo com De la Cruz flutuando muito bem: aos 10 minutos, Cebolinha tabelou com Pedro na área, cortou Felipe Melo mas furou o chute, atrapalhado por Thiago Santos (veja na imagem abaixo). Aos 12, Pedro recebeu bolão de De la Cruz na área, se atrapalhou um pouquinho na passada e permitiu o corte de Diogo Barbosa. Quatro minutos depois, Pulgar aproveita a saída errada e acha De la Cruz, que chuta para fora.