Herói no tetra e multicampeão na base, Branco completa 60 anos; relembre histórias pela Seleção

Foto: Arquivo pessoal

O grupo dos sessentões do tetra cresceu. Um dos heróis da conquista de 1994, nos Estados Unidos, Branco comemora 60 anos nesta quinta-feira com marcas histórias no currículo como jogador e dirigente, e um lance para a eternidade: o gol de falta que decretou a vitória por 3 a 2 sobre a Holanda nas quartas de final da Copa do Mundo que deu a quarta estrela ao Brasil.

Gilmar, Ricardo Rocha, Dunga e Bebeto são os outros sessentões do tetra

Coordenador das categorias de base da CBF, o ex-lateral-esquerdo detém ainda o recorde defender o país em dez Copas do Mundo da Fifa somando Sub-17, Sub-20 e profissionais. São 16 títulos oficiais, quatro de Mundiais e quase quatro dezenas de conquistas incluindo torneios amistosos que colocam o gaúcho Cláudio Ibrahim Vaz Leal como um dos maiores vencedores com a camisa verde e amarela.

Títulos oficiais de Branco pela Seleção

• Copa América em 1989 (jogador)
• Copa do Mundo em 1994 (jogador)
• Mundial Sub-20 em 2003
• Mundial Sub-17 em 2003 e 2019
• Ouro olímpico em Tóquio-2020
• Ouro pan-americano em Santiago-2023
• Sul-Americano Sub-15 em 2005, 2007, 2019 e 2023
• Sul-Americano Sub-17 em 2005, 2007 e 2023
• Sul-Americano Sub-20 em 2023
• Pré-Olímpico em 2007

Com o cargo em risco após a não classificação da Seleção Pré-Olímpica para os Jogos de Paris, Branco chegou a ter a saída decretada juntamente com Ramon Menezes por conta da performance ruim na Venezuela, mas segue cumprindo expediente na sede da CBF no Rio de Janeiro. Responsável pela decisão, Ednaldo Rodrigues segue em silêncio, e o dirigente já toca juntamente com Rodrigo Caetano parte do planejamento para o ciclo que terá Mundiais em 2025.

Branco com a medalha de ouro olímpica em 2022, no Japão — Foto: Arquivo Pessoal

Sobrevivente de complicações por conta da Covid-19 em 2021, Branco celebrou o aniversário nas redes sociais, e o ge relembra passagens marcantes do ex-lateral com a camisa da Seleção:

“Já tô me preparando para os próximos 60. Gratidão ao Papai do Céu por ter me abençoado com tantas conquistas até agora. Obrigado a todos vocês pelo carinho, admiração e respeito onde quer que eu vá! Branco agora é SEIS.ZERO. Vamos com tudo!”

México 86

Campeão brasileiro pelo Fluminense, o jovem Branco é a aposta de Telê Santana para a lateral esquerda em uma Seleção cheia de nomes consagrados e que buscavam a revanche após o trauma de 1982. O próprio Branco, na ocasião com 22 anos, não esconde que foi um Mundial que mexeu com suas emoções por jogar ao lado de Zico, Sócrates e outros craques anos depois chorar diante da televisão, no interior do Rio Grande do Sul, a derrota para a Itália na Copa da Espanha. Titular no México, o lateral viveu protagonismo nas quartas de final diante da França, quando sofreu pênalti desperdiçado por Zico já na reta final da partida. Esteve em campo nos cinco jogos.

Branco jogou todos os cinco jogos do Brasil na Copa de 1986 — Foto: Peter Robinson/Getty Images

Itália 90

Já consolidado como intocável na posição e campeão da Copa América no Brasil um ano antes, Branco viveu mais uma vez um Mundial com momentos de holofotes. Em campo por todos os minutos dos quatro jogos na Itália, nocauteou um escocês em cobrança de falta na vitória por 1 x 0 na primeira fase. O chute que atingiu mais de 100km/h levou Murdo MacLoad ao solo e ao hospital após deixar o campo desmaiado. Já nas oitavas de final, diante da Argentina, foi Branco quem bebeu água batizada em garrafa das mãos de Maradona para amenizar o calor de Turim. Anos depois, em 2004, o craque argentino falou em programa de televisão que havia um tranquilizante no líquido destinado aos brasileiros em história nunca comprovada oficialmente.

Branco em disputa com Maradona no Brasil x Argentina de 1990 — Foto: Alessandro Sabattini/Getty Images

“Depois do jogo, estavam os dois ônibus juntos, e Branco me olhava pela janela e me apontava o dedo, me culpando, e respondia com gestos de que não tinha nada a ver com aquilo. Branco jogava na Itália e tínhamos boa relação. Depois disso não conversamos mais….”, disse Maradona

EUA 94

Sem dúvidas, o grande momento de Branco com a camisa da seleção brasileira. Titular durante as eliminatórias, o lateral-esquerdo viveu questionamentos sobre sua forma física perto do Mundial e viu Carlos Alberto Parreira optar por Leonardo para começar como titular. A estrela, no entanto, brilhou a partir das quartas de final. Com a expulsão de Leonardo diante dos Estados Unidos, ele assumiu o posto diante da Holanda e foi o herói da classificação. Branco deu passe de cabeça para Bebeto marcar o segundo gol e depois do empate holandês chamou a responsabilidade. Foi ele quem cavou falta de Overmars e a cobrou com a já conhecida potência para fazer 3 a 2 no gol mais marcante da campanha do tetra. Branco converteu ainda sua cobrança na disputa decisiva contra a Itália antes de ergue o troféu de campeão do mundo.

Branco Brasil e Holanda 9/07/1994 — Foto: Getty Images

Tricampeão do mundo como dirigente

A trajetória de Branco como jogador na seleção brasileira acabou em 1995, com vitória por 5 a 0 em amistoso contra a Eslováquia, mas o retorno não demorou a acontecer. Dessa vez, como dirigente. Aposentado dos gramados em 1998 com a camisa do Fluminense, Branco assumiu a função de coordenador das categorias de base da CBF em 2003 e de cara foi bicampeão mundial. Era ele o dirigente nas conquistas das Copas do Mundo Sub-17 e Sub-20 daquele ano e repetiu a dose no Sub-17 em 2019, em competição disputada no Brasil. Ao todo, são 35 títulos em duas passagens entre 2003 e 2007 e de 2018 aos dias atuais. Um dos maiores vencedores da história do futebol brasileiro.

urn:uuid:2b90bf76-94ed-4467-9d32-ccf76856c24e

Branco comemora com a garotada o Mundial Sub-17 de 2019 — Foto: Alexandre Loureiro / CBF

GE.