Surfista brasileiro já classificado para as Olimpíadas, Chumbinho retornou às competições na Austrália e avançou de fase no Challenger Series em Gold Coast
João Chianca, o Chumbinho, voltou a competir na manhã deste domingo (noite de sábado, no Brasil) na Austrália. O retorno do surfista aconteceu no Challenger Series em Gold Coast quase cinco meses após o grave acidente que sofreu durante uma sessão de treinos em Pipeline, no Havaí.
Surfista número 4 do mundo em 2023 e já classificado para as Olimpíadas de Paris 2024, Chumbinho caiu de uma onda e foi arrastado para a praia, onde foi resgatado desacordado por membros da sua equipe, no início de dezembro passado. Desde então, o atleta natural de Saquarema deixou de competir na primeira divisão do surfe mundial (CT) e se divide entre treinos e sessões de fisioterapia, principalmente para recuperar a força lado esquerdo do corpo, a mais afetada pela pancada na cabeça. Ele também chegou a perder o paladar em um primeiro momento.
Neste domingo, Chumbinho estreou na temporada competindo em uma divisão de acesso (CS) para surfista que desejam estar na elite em 2025 (ele teve a permanência protegida pela WSL). E logo na primeira bateria o brasileiro conseguiu uma onda nota 5,17 e outra 4,73, totalizando 9,90 pontos e avançando de fase com a segunda colocação na bateria, atrás apenas de Levi Slawson (10,44 no total), americano de 21 anos.
Atualmente com 23 anos, Chumbinho foca todas as suas expectativas nas Olimpíadas de Paris 2024, em julho. Ausente das primeiras etapas do Circuito Mundial, ele crava que estará 100% recuperado no meio do ano para buscar uma medalha em Teahupoo, no Taiti, palco do surfe olímpico.
– No início desse ano, eu tinha vontade de estar no Circuito Mundial. Como não pude, essa vontade foi transferida para os Jogos Olímpicos. Cada vez eu quero mais ser um medalhista olímpico, cada dia eu quero mais ir bem nessa Olimpíada, então meus dias estão sendo diferentes do que a gente imaginou lá atrás – disse o surfista em entrevista ao Esporte Espetacular.
Sobre o grave acidente, Chumbinho não guarda nenhuma memória. Acredita que pode ser até uma defesa inconsciente. Mas 20 dias depois o surfista já estava iniciando o tratamento de recuperação e fortalecimento do corpo, especialmente do lado esquerdo.
Chumbinho aparece treinando na água após acidente em Pipeline
– Do acidente eu não lembro de nada. Não me lembro de quando eu caí da onda nem quando eu fui retirado da água. Não me recordo nem dos meus cinco primeiros dias no hospital, sendo que eu acordei lá pelo segundo dia e meio. Não tenho memórias fixas, nem embaçadas das coisas que aconteceram. Talvez seja até melhor assim, não lembrar de algo que foi duro para a gente. Pode ser uma defesa natural do corpo para a gente só tirar a experiência por fora, de maneira superficial – comentou.
Quarto lugar no Circuito Mundial 2023, João Chianca reconhece que a classificação olímpica era um sonho distante até o início do ano passado. Depois de assistir às Olimpíadas de Tóquio, em 2021, de casa, ele afirma que jamais poderia imaginar que seria um dos representantes do Brasil nos Jogos seguintes.
– Em 2021 eu não era nem de longe o surfista que eu sou hoje em dia. Posso falar isso com todas as palavras do mundo. Eu via esses caras como o topo da Torre Eiffel. O Italo, o Gabriel… São todos heróis. Uma pena o Gabriel não ter conseguido ser o melhor surfista olímpico, pela história dele. E é incrível como o mundo dá reviravolta e agora sou um surfista que pode estar disputando a medalha olímpica com os nossos heróis.