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Mais uma ação na justiça pode complicar mais ainda a vida do Corinthians; Entenda

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Foto: Divulgação

Leite costurou acordo para receber do clube de forma parcelada, mas disse que promessa não foi cumprida a mando do presidente Augusto Melo; ele alega que intermediou acerto com a Brax

O Corinthians tem uma dívida de R$ 62,5 milhões com três empresas ligadas ao agente de jogadores Carlos Leite, que entrou com ação na Justiça para receber. O valor consta em contratos obtidos pelo ge que foram firmados entre o clube, o empresário e sócios dele em novembro de 2023. 

Tal dívida engloba acordos celebrados desde 2014 relativos a comissões por contratações e renovações de contrato com jogadores representados por Carlos Leite e sócios dele, além de valores referentes a direitos de imagem de atletas (veja detalhes abaixo).

Em novembro do ano passado, ainda na gestão do presidente Duilio Monteiro Alves, o Corinthians fechou acordo para quitar as pendências com os empresários. 

O clube se comprometeu a pagar Carlos Leite e seus sócios por meio da cessão de créditos com a Brax Produções e Publicidade LTDA, empresa que adquiriu o direito de exploração de placas de publicidade em jogos da equipe como mandante no Campeonato Brasileiro de 2025 a 2029. 

Porém, a Brax se recusou a assinar o contrato entre os empresários e o Corinthians como anuente da cessão de crédito. Segundo Carlos Leite, essa foi uma exigência feita pelo novo presidente do clube, Augusto Melo, para fechar o acordo com a empresa. 

O agente também alega que buscou o clube para um acordo e, como não teve resposta, decidiu executar a dívida na Justiça (veja mais detalhes abaixo)

Na última terça-feira, as três empresas ligadas a Carlos Leite moveram ações de cobrança contra o Corinthians. Inicialmente, os processos totalizam R$ 16 milhões, valor referente às parcelas que já venceram do acordo firmado no ano passado. A defesa dos empresários pede que as demais prestações sejam incluídas na medida em que forem vencendo. 

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Atualmente, Carlos Leite representa dois atletas do elenco alvinegro: o goleiro Cássio e o lateral-direito Fagner. Ele faz a gestão das carreiras de Gil e Renato Augusto, que deixaram o clube no fim do ano passado. Foi também empresário de Mano Menezes até 2015. 

Além de negociar muitos jogadores com o Timão, Carlos Leite já emprestou dinheiro ao clube. Na temporada de 2008, a primeira de Mano no clube, o empresário adiantou uma quantia de R$ 600 mil para as contratações do lateral-esquerdo Wellington Saci e do meia Eduardo Ramos.A dupla passou a ser agenciada por Leite na sequência. 

Em 2017, na gestão do ex-presidente Roberto de Andrade, ele fez um contrato de mútuo de R$ 4,1 milhões com o Corinthians. Com juros de 1,94% ao mês, o valor mais do que dobrou ao longo do tempo, encerrando 2021 em R$ 8,31 milhões. Em 2022, o clube fez alguns pagamentos e reduziu o saldo para R$ 2,7 milhões. Segundo Carlos Leite, a dívida foi quitada no ano passado. 

Empresa: SC & PB Consultoria e Assessoria Esportiva

  • Valor total da dívida: R$ 6,4 milhões;
  • Forma de pagamento acordada: R$ 5 milhões à vista até 27 de dezembro de 2023 e 36 parcelas mensais de R$ 39,8 mil a partir de 15 de janeiro de 2024;
  • Dívida relacionada a: comissão pela intermediação de Felipe Bastos, em janeiro de 2017, e direitos de uso de imagem dele, em agosto de 2018.

RC Consultoria & Assessoria Esportiva LTDA

  • Valor total da dívida: R$ 22,7 milhões;
  • Forma de pagamento acordada: R$ 10 milhões à vista até 27 de dezembro de 2023 e 36 parcelas mensais de R$ 352,9 mil a partir de 15 de janeiro de 2024;
  • Dívida relacionada a: intermediação da renovação de Cássio, em agosto de 2014; intermediação da contratação de Fagner, em contrato assinado em janeiro de 2015; intermediação da venda de Ramon Motta ao Besiktas, em junho de 2014; intermediação da venda de Elias ao Sporting, em agosto de 2016; direitos de imagem de Felipe Bastos, em março de 2017; direitos de imagem de Matheus Matias, em fevereiro de 2018.

B&C Consultoria & Assessoria Esportiva LTDA

  • Valor total da dívida: R$ 33,4 milhões;
  • Forma de pagamento acordada: 44 parcelas mensais de R$ 759,4 mil a partir de 15 de janeiro de 2024;
  • Dívida relacionada a: intermediação da renovação de Cássio, em janeiro de 2018; intermediação da renovação de Cássio, em janeiro de 2019; intermediação da renovação de Cássio, em janeiro de 2022; intermediação da renovação de Fagner, em janeiro de 2018; intermediação da renovação de Fagner, em janeiro de 2019; intermediação da renovação de Fagner, em janeiro de 2022; intermediação da contratação de Camacho, em janeiro de 2018; intermediação da renovação de Camacho, em janeiro de 2020; intermediação da contratação de Mateus Vital, em janeiro de 2018; intermediação da renovação de Mateus Vital, em janeiro de 2020; intermediação da contratação de Cristian, em fevereiro de 2018; intermediação da contratação de Matheus Matias, em julho de 2018; intermediação da contratação de Gil, em julho de 2019; intermediação do novo contrato de Gil, em janeiro de 2020; intermediação da contratação de Renato Augusto, em julho de 2021.

Segundo o empresário, em setembro do ano passado, ele foi procurado por Antônio Carlos Gonçalves Coelho, sócio da Brax, para intermediar acordo com o Corinthians pela boa relação que tinha com a diretoria alvinegra. 

– Ele me contatou dizendo que estavam tentando fechar acordo e que não estavam conseguindo. Então, perguntou se eu poderia me envolver na negociação. Comecei a trocar vários e-mails com ele, tenho isso documentado, e levei a proposta para o Corinthians. Foram dois meses de negociação – relatou Carlos Leite. 

– O Corinthians me deve há seis, sete anos, eu cobro e não recebo, mas também não ponho na Justiça. Procuro entender a situação. Mas o que eu fiz? Levei um baita de um contrato para eles e pedi que pagassem o que me deviam com parte desse dinheiro. Eu falei: é hora de acertar comigo. Pedi que pagassem parte junto com as luvas e o restante em 36 e 44 parcelas – complementou o empresário, que alega ter recebido comissionamento por parte da Brax por ter intermediado tal acordo. 

Embora o Corinthians desse como fechado o negócio com a Brax desde o fim de 2023, ele só foi anunciado pelo presidente Augusto Melo no dia 18 de janeiro deste ano. 

– Esse presidente que entrou, que eu não o conheço, deu declaração que fechou contrato com a Brax de R$ 240 milhões. Ele é mentiroso, já era um contrato da gestão anterior, que foi intermediado por mim. Inclusive, esse contrato tem cláusulas de confidencialidade que ele não poderia estar falando – declarou Carlos Leite.

Depois da publicação dessa reportagem, Carlos Leite procurou o ge e disse ter feito um desabafo, lamentando o uso do termo “mentiroso” para se referir ao presidente do Corinthians. Segundo o agente, a intenção dele era apenas explicar os fatos e não ser desrespeitoso com Augusto Melo. 

O empresário afirma que não gosta de conceder entrevistas, mas que desta vez achou necessário se posicionar para esclarecer os fatos. Segundo Carlos Leite, inicialmente, o valor alinhado entre Corinthians e Brax era de R$ 210 milhões, mas que havia um compromisso da empresa em igualar o valor pago ao Flamengo (que estava em negociação à época). 

Ainda de acordo com o agente, no fim do ano passado ele foi informado que as condições acertadas entre ele, o Timão e a Brax não seriam cumpridas. 

– Um dos sócios da Brax me falou que resolveria tudo, mas no final do dia ligou dizendo que o presidente Augusto Melo falou que não era para pagar. Houve um encontro entre o novo presidente do Corinthians e o Antônio Carlos Coelho (da Brax) no Uruguai. Nessa reunião, o presidente disse para ele não me pagar, e então ele me comunicou. 

No processo judicial, Carlos Leite anexou e-mails nos quais cobra a Brax e o Corinthians pelo pagamento. O último deles foi enviado em 24 de janeiro. 

O empresário diz que, se tivesse sido procurado pelo Corinthians, aceitaria repactuar o acordo. Porém, ele alega que não teve nenhuma resposta aos e-mails enviados até a última segunda-feira, data em que foi contatado por Roberto Gavioli, gerente financeiro do clube. 

– Era só a gente sentar e conversar. O novo presidente do Corinthians não teve preocupação de falar comigo. Me ignorou o tempo todo. Quando me chamaram, eu já tinha pago todas as custas do processo, aí já era tarde. A via que tenho para tratar com eles agora é a Justiça – argumentou. 

Apesar do litígio, Carlos Leite garante que seguirá tratando de maneira profissional os assuntos relacionados a Cássio e Fagner, sem represálias ao clube, colocando os interesses dos clientes à frente da disputa. 

A reportagem do ge procurou o Corinthians e a Brax para se manifestarem sobre o caso, mas não obteve resposta até o momento desta publicação. Caso o clube e a empresa respondam, a matéria será atualizada. 

Desde que contraiu a primeira dívida com Carlos Leite, o Timão teve cinco presidentes diferentes: Mario Gobbi, Roberto de Andrade, Andrés Sanchez, Duilio Monteiro Alves e Augusto Melo.

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