Responsáveis pelo gramado entendem que com a cortiça, a temperatura será mais amena. Verdão fará nesta quarta o treino antes de jogar a semifinal contra o Novorizontino
Veja como ficou o gramado do Allianz Parque para volta do Palmeiras
Por quase dois meses, o relógio marcava 5h da manhã quando os primeiros funcionários chegavam ao Allianz Parque. Vestiam o uniforme, carregavam o maquinário e se dividiam em turnos para, por quase 24h, trabalhar na reforma do gramado. Eram 3h da madrugada quando os últimos deixavam o local.
Entre o revezamento das equipes, eles retiraram 52 toneladas de termoplástico e colocaram outras 22 de cortiça no campo sintético do Palmeiras.
– Colocar esse novo é fácil. Difícil foi tirar o outro – brinca um dos funcionários, em referência ao material, que derreteu com as altas temperaturas e grudava na chuteira dos atletas.
Uma operação nunca antes executada, mas assim feita pela urgência da reforma, após o Palmeiras vetar o estádio por falta de condições do gramado.
Após dois meses, o campo está pronto e receberá na quinta o jogo contra o Novorizontino, pela semifinal do Campeonato Paulista. Mas o que muda para o Verdão?
– Na questão da temperatura vai ser um campo mais agradável e mais próximo de grama natural. A indústria vem buscando isso, se igualar. Com essa solução do orgânico, ela consegue vencer a questão da temperatura, fica muito mais próximo da grama natural – resumiu Alessandro Oliveira, CEO da Soccer Grass.
O termoplástico antes usado já servia como um isolante térmico, além de absorver impacto, mas não tem a mesma capacidade da cortiça. Por isso, era necessário irrigar o piso com mais frequência.
Gramado do Allianz Parque, estádio do Palmeiras — Foto: Thiago Ferri
A avaliação dos responsáveis pelo gramado é de que a partir da mudança, o gramado ficará mais confortável para os atletas, também.
– Com esse material colocado, a gente vê que o conforto é um pouco melhor do que era antes, ela (cortiça) é mais macia. Eu diria que é um sistema de quarta geração, o mais moderno que se tem hoje e ainda o mais próximo de um gramado natural – continuou Alessandro.
A cortiça instalada se assemelha à utilizada no gramado do Engenhão, mas não é igual. O material é o mesmo, só que a da arena do Palmeiras tem uma densidade menor, por recomendação do fabricante do gramado usado no Allianz Parque.
A expectativa é de que com a troca, o problema que se agravou no fim do ano passado fique para trás, e o campo sintético alviverde retome o nível elogiado no início da passagem de Abel Ferreira.
Durante os estudos técnicos, constatou-se que a grama se mantém com fios de 50mm de altura, padrão de fábrica. Isto significa que depois de mais de 140 jogos e 300 eventos ao longo de quatro anos, a grama em si não sofreu alterações.
O time sub-20 realizou três treinos no local: dois na semana passada e um nessa terça. Na manhã de quarta será a vez do elenco comandado por Abel Ferreira, para se ambientar ao piso antes do jogo contra o Novorizontino, nesta quinta, às 21h35 (de Brasília).
Nas movimentações anteriores, o departamento de futebol acompanhou com detalhes e passou informações de que a mudança deixou o gramado melhor.
Após a atividade do Palmeiras nesta quarta, a Soccer Grass fará os últimos ajustes, como pintar as linhas. A coloração do gramado, que parece mais marrom graças à cortiça, ficará novamente verde, depois de irrigação e escovação.
– Se observar, ao escovar o campo, a cortiça sobe. Como fazemos para baixar? Outra escova vem para baixar e quando liga a irrigação, elas somem, entram na grama novamente. Na sua maioria, vai ser verde, em poucos pontos pode se ver um pouco de cortiça, mas sempre será ajustado a ponto de sumir tudo – concluiu Alessandro.
Estudos para entender o antigo problema
Ao mesmo tempo em que realiza a instalação da cortiça, a Soccer Grass está em contato com a fornecedora holandesa do termoplástico que derreteu.
Está sendo feito um estudo para se avaliar o motivo exato que gerou a deformação, mas a poluição na região e as altas temperaturas no fim do ano já são citadas como potenciais problemas.
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– Fizemos alguns testes, passamos isso para o fornecedor dar o parecer, mas o que identificamos foi a quantidade de poluição que tinha no termoplástico. Não posso afirmar, quem vai afirmar são os laboratórios e o fornecedor, que estão fazendo os testes – acrescentou o CEO da empresa.
– Tivemos de dar a solução, removemos o material que estava grudando e trouxemos o sistema orgânico com a cortiça, para substituir de forma que não afete o gramado. Para nós este foi o grande gol – encerrou.