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Pedrinho desabafa sobre relação fria com SAF do Vasco: ‘Incomodado porque poderia construir algo interessante’

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Thiago Ribeiro/AGIF/Gazeta Press

Nesta quarta-feira (27), em São Januário, Pedrinho concedeu a sua primeira entrevista após tomar posse da presidência do Vasco, no final de janeiro. E fez um balanço sobre os 60 dias de sua gestão à frente do clube associativo.

Com a venda de 70% das ações da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do clube para a 777 Partners em 2022, a associação permaneceu com apenas 30% das ações no futebol, pasta que Pedrinho não participa diretamente. E o mandatário também falou sobre a relação “fria” que tem no momento com a empresa dos Estados Unidos.

O ex-jogador, que foi eleito para o triênio 2024-2026, também afirmou que, esportivamente, gostaria de poder contribuir diretamente com o Vasco. O que não está sendo possível e gera um certo incômodo de sua parte.

“Com relação à essa relação com a SAF, também me causa estranheza. Aí é um exercício que a gente tem que fazer, porque quando eu ainda sou um comunicador (comentarista de TV), eu sou procurado pela SAF e recebo um convite para exercer um cargo muito importante, e obviamente remunerado, na questão esportiva. Partindo desse princípio, quando eu me lanço candidato e sou eleito, com raciocínio óbvio, é que além de presidente e de sócio, porque ainda temos 30%, é que a gente tivesse uma relação próxima com relação à construção esportiva. Eu não posso em três meses ter esquecido algum conteúdo, principalmente direcionado ao futebol. Agora, que fique claro também, que eu não posso, por mais que eu seja sócio minoritário, eu não posso obrigar ninguém a nada. Não posso colocar a arma na cabeça de alguém e querer participar de todo o planejamento. Isso não é uma reclamação, que fique muito claro. Eu estou incomodado porque eu poderia colaborar e construir, tentar construir, algo interessante esportivo”, começou por dizer.

“Se eu tenho um sócio e quis contratá-lo lá atrás e esportivamente eu não estou desempenhando, seria natural que eu tivesse pelo menos uma conversa em relação à questão esportiva. Conversa, que fique claro, não é uma mensagem faltando 15 minutos para alguma coisa para comunicar. Uma relação esportiva parte do princípio de uma planejamento, você sentar, planejar, estruturar, e isso não aconteceu. Respeito completamente, apesar de não concordar. Não participei de planejamento de pré-temporada, contratações e dispensas, isso eu não fiz parte. Se eu saí de onde eu saí para assumir esse cargo, eu já sabia que assumiria essa responsabilidade e seria muito cobrado por isso. Mas que eu seja cobrado onde eu tenha controle e faça parte do processo, infelizmente eu não faço parte desse processo. Mas e daí, Pedrinho? E daí que estou sempre disposto a ajudar o Vasco, acima de qualquer situação ou objetivo. Que fique claro que não existe vaidade, eu nunca tive a intenção de ter a última palavra, porque eu sei que sou minoritário, nunca tivesse a intenção de falar que, se eu participasse o Vasco estaria voando. Nada disso, zero vaidade. Quem me conhece sabe que eu não tenho vaidade nenhuma. Agora, esportivamente eu acho que eu poderia colaborar. Agora, é uma opção deles, ponto. Não existe choro, lamentação, o que as pessoas têm que entender é que o Vasco está acima de todo mundo. De mim e de todo mundo. Quando você entra e faz um projeto, como é o projeto de uma SAF, o que se espera é um planejamento um pouco mais acelerado, de curto e médio prazo. Quando você fala a médio e longo prazo, eu acredito que eu conseguiria reestruturar o clube, obviamente, sem ser uma empresa. Quando entra uma empresa com um aporte a gente espera algumas situações um pouco mais aceleradas. Isso é uma escolha, uma opção, eu respeito”, prosseguiu.

“Existe uma relação fria hoje (com a 777), muito mais de registros do que de interação. Fui proativo, até antes mesmo, com a relação do cargo de diretor executivo eu dei a minha opinião. Independentemente da relação, eu sempre estive muito disposto a ajudar. Eu nunca vou colocar a minha insatisfação na frente do Vasco. Não posso acreditar que estar empossado ou não estar empossado vai fazer uma relação ser próxima ou não. Com relação ao contrato, primeiro eu não concordo com o contrato esportivo possui cláusulas de confidencialidade, onde o torcedor do Vasco é o maior acionista, é o maior patrimônio e não ter acesso às cláusulas contratuais. As outras coisas eu tenho limitações contratuais devido às cláusula. As pessoas querem ouvir de futebol e, infelizmente, eu tenho limitações para falar e espero que o torcedor entenda isso”.

Em relação a um possível interesse do Vasco para que a 777 deixe o comando do futebol do clube, Pedrinho foi enfático e descartou qualquer possibilidade. E também falou sobre uma possível parceria com a Crefisa, principal patrocinadora do Palmeiras, para os naming rights de São Januário, que de acordo com o mandatário, se tudo correr como o esperado, iniciará as obras de reforma até o final de 2024.

“Não (não tenho interesse de tirar a 777 do Vasco), eu tenho interesse de dar uma direção nova ao Vasco, um rumo novo. A SAF foi criada para profissionalizar o futebol, então dentro disso a gente espera transparência, desempenho esportivo. A SAF para mim é normal, alguns clubes têm esse recurso. Poderia ter outra alternativa? Poderia. Um modelo que foi criado de contrato, aí sim já não é muito do meu agrado. Mas dito isso, é uma relação aonde eu sou sócio e tenho algumas funções, entre elas fiscalizar e cobrar. E isso não pode ser um incômodo para ninguém, eu sou fiscalizado e cobrado, em dois meses de gestão, como se eu tivesse 50 anos gerindo o Vasco. E não me incomoda. O que eu mais quero é ser fiscalizado e cobrado. As pessoas têm que entender que você cobrar e fiscalizar faz parte natural, é o processo natural de uma sociedade. Eu não sei se o comportamento da gestão anterior criou um hábito diferente, mas esse hábito não é um padrão. Por mais que eu pareça frágil, eu sou mais forte e resistente do que as pessoas imaginam. O meu comportamento é de mudança do Vasco, seja ela mental, cultural, financeira, esportiva, eu vim aqui para isso e vou pagar esse preço porque foram 40, 50 anos que as pessoas não quiseram pagar um preço verdadeiro para isso. Quando eu coloco em risco, não idolatria porque não estou no nível de Roberto (Dinamite), Edmundo, Romário, Juninho, estou muito longe disso, mas quando eu coloco em risco o carinho de boa parte do torcedor, é porque eu sei muito bem o que eu quero, sei que vai valer muito a pena pagar esse preço. Eu sei muito bem que as chicotadas que eu estou tomando, as pessoas não sabem porque estão me dando agora, mas lá na frente vão se arrepender. Eu estou disposto a pagar um preço que ninguém quis pagar. Eu não estou preocupado quem vai fazer o Vasco feliz, eu quero o Vasco feliz, ponto. Estou aqui para isso. Eu sei bem a minha missão, o que o torcedor espera de mim e o que eu tenho que entregar para o torcedor. Eu não vou criar bravatas, narrativas, não vou jogar para a galera, não vou me defender nas redes sociais em relação às injustiças que são cometidas, mas eu sou verdadeiro. Todos os movimentos que eu faço são para o bem do Vasco”, disse.

“A minha relação não é com a Crefisa, é com a Leila (Pereira), uma pessoa muito especial, mas diretamente com o Sr. José (Lamacchia), que se tornou um grande amigo. A relação foi surgindo porque fomos a São Paulo para ver a estrutura do Allianz Parque, já pensando na modernização de São Januário, e depois pegamos relação muito íntima com o Sr. José, onde ele mostrou interesse em colaborar com relação ao Vasco na minha candidatura e, sendo eleito, se confirmar. A gente precisa avaliar algumas coisas contratuais pelo interesse dele nos naming rights, a galera do jurídico está estudando muito a questão do contrato, para ver se temos ou não direito aos naming rights. Ele está disposto a ajudar o Vasco, não tem nada a ver com a relação à 777“, prosseguiu.

“A questão da obra (de São Januário) nós tivemos com o prefeito, Eduardo Paes, que está muito empenhado nisso. Tivemos uma reunião na Câmara dos Vereadores e agradeço a todos os vereadores, mas especialmente ao (Carlo) Caiado e ao (Alexandre) Isquierdo, que estão tocando isso com muita dedicação. Temos que respeitar todos os processos da Câmara, obviamente, mas a gente pressiona o tempo inteiro para que esses processos sejam acelerados. Paralelo a isso, quando foi assinado o Potencial Construtivo, a gente tem conversas já com algumas empresas interessas em comprar o potencial construtivo, também conversamos com algumas construtoras e administradoras de obra, para que assim que o potencial for assinado a gente consiga vender o Potencial Construtivo e, nos melhores dos sonhos, isso não é uma promessa, é um desejo, que a gente consiga iniciar as obras no final do ano. Esse é o nosso desejo. A gente se empenha nisso quase que 24 horas por dia para que isso aconteça, mas temos que respeitar a todos os trâmites e burocracias para a obra sair”, concluiu.

Por último, Pedrinho negou qualquer tipo de proibição por parte da SAF para frequentar o dia a dia do Vasco, como o CT Moacyr Barbosa, por exemplo, mas que um convite nunca aconteceu.

“Mais angustiado que eu, ninguém está. Não há proibições (de ir ao CT, por exemplo). A questão do clube associativo, é que nossa receita é muito limitada. Nosso potencial é só do sócio-estatutário. Com relação ao CT, nunca fui proibido, mas nunca fui convidado. Só vou onde sou convidado. Um convite nunca aconteceu. Normal, mas não concordo. Não é uma lamentação, mas não é saudável para o Vasco. Nem sei quando tem reunião esportiva, não posso colocar um investigador atrás para saber quando vai ter também. Nunca me foi negado nada porque eu não sei. As reuniões que eu sei, são as que eu sou comunicado, as que têm participação de sócio. Falam que tenho que ir falar com os jogadores, mas nunca fui apresentado a eles”, finalizou.

ESPN

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