Foto: Jonathan Moscrop/Getty Images
Lanterna do ranking da Fifa, na 210ª posição, minúsculo país europeu fará dois amistosos com São Cristóvão e Névis. E espera obter segundo triunfo de sua história
A seleção lanterna do ranking da Fifa acredita que, nesta quarta-feira, tem uma grande chance de superar um jejum que a incomoda. San Marino fará o primeiro de dois amistosos com São Cristóvão e Névis, e tenta conquistar uma vitória pela primeira vez em 20 anos. Seria a segunda em 203 jogos da história da equipe.
Pequeno território dentro da Itália, San Marino tem cerca de 33 mil habitantes e é o quinto menor país do mundo. A população de Copacabana, bairro do Rio de Janeiro, é quase cinco vezes maior. A equipe da minúscula nação europeia é a 210ª colocada do ranking da Fifa.
Rival nesta quarta e no próximo domingo, o time do arquipélago caribenho São Cristóvão e Névis está na posição 147. Mas tem um histórico maior de triunfos: só em 2023 foram três.
San Marino em sua história:
202 jogos
193 derrotas
8 empates
1 vitória
825 gols tomados
31 gols marcados
San Marino perdeu 193 dos 202 jogos que disputou. A única vitória de sua história foi em um amistoso contra Liechtenstein, por 1 a 0, em abril de 2004. Maior artilheiro da seleção, com oito gols, Andy Selva fez aquele gol histórico.
De lá para cá, duas décadas se passaram, San Marino disputou 136 partidas, sofreu 556 gols e fez apenas 19 no período. O atacante Matteo Vitaioli, de 34 anos, é o jogador com mais partidas por San Marino. Atua pela seleção há quase 17 anos. E nunca comemorou uma vitória.
– A pior lembrança foi a partida contra a Holanda em 2011, que terminou 11 a 0. Já eram oito ou nove e ainda faltava muito tempo e me lembro da torcida incentivar a Holanda para ver mais gols – disse Vitaioli, em entrevista ao canal britânico BBC.
Vitaioli tem 89 partidas por San Marino e um gol: marcado contra a Lituânia, em 2016. Ele esteve nas 10 derrotas da seleção no Grupo H das eliminatórias da Euro, com 31 gols sofridos e apenas três marcados. O atacante, porém, acredita que o time tem chances contra São Cristóvão e Névis.
– Significaria fazer parte da história da seleção do meu país, por isso é o principal objetivo. Representa uma oportunidade de deixar uma marca, algo que não pode ser perdido. Seria algo que em 2050 e depois seria lembrado, porque houve tão poucas vitórias – diz o atacante, à BBC.
A liga local é amadora. Vitaioli, por exemplo, é designer gráfico. Mas o orgulho por representar a seleção nunca desanima os jogadores. Mesmo com seguidas derrotas por mais de dois dígitos ao longo dos anos. Aliás, o grupo tenta celebrar pequenas conquistas… como um gol. Um único gol.
E assim foi contra a Dinamarca, em outubro do ano passado. Na derrota por 2 a 1 para a seleção semifinalista da última Euro, San Marino fez o seu primeiro gol em dois anos. E atingiu uma sequência recorde de gols em três partidas seguidas: balançaram a rede na derrota por 3 a 1 para Cazaquistão e por 2 a 1 contra a Eslovênia.
A pior seleção do mundo se sente mais confiante. E é esse impulso final que o técnico Roberto Cevoli, anunciado no início deste ano, quer dar ao time para os próximos amistosos.
– Quero sonhar sem limites. Estou plenamente consciente dos problemas que a seleção tem de superar de forma diferente das outras seleções, mas espero continuar o progresso que tem mostrado. Se conseguirmos começar com uma vitória, será uma grande conquista. Seria ótimo para a autoestima dos jogadores, da comissão técnica e do ambiente do futebol em San Marino – diz Cevoli, à BBC.