Um relatório final confirmou, nesta quinta-feira, que a Agência Mundial Antidoping (Wada) não demonstrou “favoritismo” em relação à China no caso dos 23 nadadores daquele país que foram autorizados a competir após testarem positivo em um teste antidoping em 2022.
Mas também concluiu que as regras antidoping e os processos administrativos da Wada podem ser ainda mais fortalecidos, algo que a própria agência reconheceu.
O autor do relatório, o procurador suíço Eric Cottier, disse ter descoberto que “a Wada fez o seu trabalho de forma autônoma, independente e profissional, e não há provas do contrário”.
Isto coincide com as conclusões provisórias anunciadas no início de julho.
Cottier observou, ainda, no relatório final que algumas regras antidoping não foram respeitadas pela agência chinesa (Chinada), mas acrescentou que “isso não altera o desfecho dos casos, nem a aceitação da hipótese de contaminação”.
Em abril passado, o New York Times e a emissora alemã ARD relataram que os 23 nadadores chineses testaram positivo para a droga proibida trimetazidina (TMZ) antes dos Jogos de Tóquio em 2021, mas não foram sancionados pela Wada.
As autoridades antidoping chinesas determinaram que os atletas ingeriram inadvertidamente a substância proveniente de alimentos contaminados em seu hotel e que não se justificava qualquer ação contra eles.
A Wada aceitou o argumento das autoridades chinesas e não sancionou os nadadores, 11 dos quais foram selecionados para os Jogos Olímpicos de Paris-2024, realizados em julho e agosto passados.
O caso causou alvoroço global e as autoridades antidoping dos EUA acusaram a Wada de encobrimento.
O diretor-geral da Wada, Olivier Niggli, se mostrou satisfeito com o relatório final divulgado nesta quinta-feira.
“Há certamente lições que a Wada e outros podem aprender com esta situação”, disse ele em um comunicado, ao mesmo tempo em que prometeu seguir as recomendações para fortalecer o sistema global antidoping para os atletas.
Estas recomendações incluem a melhoria das diretrizes internas da Wada para a gestão de casos de doping; melhorar a comunicação sobre casos suspeitos com atletas e agências nacionais antidoping; e otimizar um banco de dados chamado ADAMS para alertar os funcionários quando há atrasos na análise de testes, por exemplo.
A Wada disse que um grupo de trabalho foi convidado a apresentar recomendações em dezembro.