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Vinicius Jr.: ‘Cada vez estou mais triste, cada vez menos tenho vontade de jogar, mas vou seguir lutando’

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PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP via Getty Images

Vinicius Jr. fez um forte desabafo em entrevista coletiva nesta segunda-feira (25), véspera do amistoso entre Brasil e Espanha, marcado justamente como um marco na luta contra o racismo.

O atacante do Real Madrid abordou em diferentes momentos os ataques sofridos desde que chegou ao futebol espanhol e se emocionou. Chorando, ele admitiu o quanto sofre a cada episódio.

“Claro que tenho que evoluir e melhorar, mas eu tenho apenas 23 anos e é um processo natural. Saí muito novo do Brasil e não pude aprender tantas coisas. Eu estou estudando. Tenho 23 anos e sigo estudando. Porque eles, os repórteres daqui, que são mais velhos do que eu, não podem estudar e ver o que realmente está acontecendo? Cada vez estou mais triste, cada vez tenho menos vontade de jogar [chora]… Mas eu vou seguir lutando”, desabafou.

Foram alguns os momentos em que Vinicius Jr. deixou a emoção transparecer na entrevista, sempre tocando nos episódios de racismo sofridos na Espanha. Novamente com lágrimas nos olhos, o brasileiro ressaltou que sua luta, hoje, não é só por ele, mas também por aqueles que virão.

“Se fosse só por mim eu já teria desistido, porque eu fico dentro de casa, aonde ninguém vai me xingar, eu vou para os jogos com a cabeça centrada no jogo para que eu possa fazer o melhor para a minha equipe. Nem sempre é possível, então eu tenho que me concentrar muito todos os dias [chora muito e é aplaudido]…”, lamentou.

“Acredito que por todas as pessoas que torcem por mim, me acompanham, cada vez me mandam mais mensagens para eu seguir lutando por eles, porque hoje tenho uma força muito grande dentro de mim, dentro da minha casa, dentro da minha família, que eles me apoiam em tudo o que eu faço”, seguiu.

“Nem todos têm esse apoio, têm essa tranquilidade de poder vir aqui e falar por tantas pessoas. Quero seguir falando por eles, por todas as pessoas que sabem o que realmente eu passo e passei e que é muito difícil”, complementou, novamente emocionado.

“Acredito que é algo muito triste tudo o que venho passando aqui (na Espanha) a cada jogo. A cada dia, a cada denúncia minha, vem aumentando. É muito triste isso. Mas acredito também que não é só comigo, com todos os negros, não só na Espanha, mas no mundo todo, sofrem no dia a dia. O racismo verbal é minoria perto de tudo o que os negros sofrem no mundo”, argumentou.

“Claro que é desgastante, porque você meio que está sozinho em tudo. Já fiz tantas denúncias, mas ninguém é punido, nenhum clube é punido. A cada dia que passa, estou lutando por todos que estão por vir. Se fosse só por mim ou pela minha família, eu já teria desistido de tudo que venho lutando. A cada dia que vou para casa fico muito triste. Eu fui escolhido para defender uma causa tão importante, sobre a qual estudo mais sobre a cada dia. Venho aprendendo para que, no futuro próximo, o meu irmão, que tem cinco anos, não venha a passar por tudo o que estou passando hoje”, apontou.

Apesar das fortes declarações, Vinicius também agradeceu todo o apoio de recebeu nos últimos tempos, inclusive de jogadores da Espanha que nesta terça, às 17h30 (de Brasília), serão rivais no amistoso no Santiago Bernabéu, em Madri.

“Eu quero agradecer desde já a todos os jogadores da Espanha que estão dando entrevistas me apoiando e fazendo de tudo para que a Espanha mude seu pensamento. Não só a Espanha, mas no geral. Em todo lugar tem muito racismo. Temos que fazer de tudo para diminuir cada vez mais, e os jogadores da Espanha tem me ajudado muito, dado entrevistas, falado coisas que no início só eu falava, hoje eles estão junto a mim”, ressaltou.

“E sempre peço que a Fifa, a Conmebol, a Uefa possam fazer mais coisas, como o que a CBF está fazendo, para que possamos evoluir como seres humanos. Que todos possam estudar um pouco sobre tudo o que os pretos passaram no passado. O que eu passo não é nem perto do que todas essas pessoas passaram. Eu só quero lutar por todos aqueles que são pretos, pobres, que não podem entrar num mercado, fazer tudo o que eles querem de foram tranquila, porque sempre vai ter alguém te julgando e acompanhando. Já aconteceu muitas vezes comigo e com a minha família. Só quero que isso mude, para que quando eu venha aqui na coletiva não precise falar tantas vezes sobre isso”, finalizou.

ESPN.

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