(Foto: Reprodução/Instagram)
Nesta sexta (6) , a mexicana Amalia Pérez conquistou sua sétima medalha consecutiva em Paralimpíadas na história. Competindo no halterofilismo categoria até 61kg, ela atingiu 130kg e levou o bronze. Desde que a modalidade incluiu as mulheres, nos Jogos de Sydney 2000, Amalia é uma figura carimbada no pódio.
A mexicana buscava seu quinto campeonato seguido no levantamento de peso após conquistar a medalha de ouro em Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020. Mas ela se deparou com duas adversárias duríssimas, principalmente a medalhista de ouro, a nigeriana Onyinyechi Mark. Em um desempenho incrível, ela bateu o recorde paralímpico e mundial levantando 147kg na sua terceira tentativa, que seria a última. Mas quando todas as competidores finalizaram suas tentativas na terceira, ela foi para uma quarta e bateu o recorde de novo, com 150kg. O segundo lugar ficou com a chinesa Jianjin Cui, com 140kg. A prova ainda teve a uzbeque Rukhshona Uktamova batendo o recorde de uma estreante, com 114kg. Todos esses feitos demonstram a evolução da modalidade, e Amalia tem um importante papel nisso.
PRECISOU SUPERAR MARCAS DESDE CEDO
Amalia Pérez nasceu prematura após sua mãe sofrer um acidente e foi diagnosticada com uma condição que afetava o movimento das articulações e a força muscular. Em entrevista à AMP Media, ela declarou que quase teve sua vida interrompida no nascimento. “Ele (o médico) disse à minha mãe que ela não teria tempo para cuidar de mim, que eu provavelmente morreria em um ano, no máximo. Ele sugeriu uma injeção de ar no meu coração para que eu não existisse. Minha mãe se agarrou a mim e bem, aqui estou eu”, disse.
Durante sua infância, ela praticou natação como forma de se reabilitar, mas aos 18 anos, após experimentar outros esportes, se apaixonou pelo halterofilismo. Em apenas um mês de preparação, ela foi campeã de um campeonato e bateu um recorde que não pôde ser inscrito devido a modalidade ainda não estava formalmente estipulada para as mulheres, o que foi feito somente em 2000. Ela comentou sobre a importância do esporte na sua vida: “Os paraesportes mudaram minha vida de muitas maneiras. Sinto-me mais autônoma, mais autossuficiente. Em vez de me enfraquecer, eles me fortalecem”. Pérez acumula mais de 33 anos de carreira no halterofilismo.
UMA LENDA PARA O ESPORTE
A jornada de Pérez no levantamento de peso teve início nos Jogos Nacionais de Guadalajara 1991, no México. 9 anos depois, na estreia da modalidade feminina nas Paralimpíadas de Sydney 2000, a mexicana subiu ao pódio com a medalha de prata e de lá não saiu mais. Em Atenas 2004, ela havia acabado de ser mãe e se surpreendeu quando conseguiu repetir a medalha de prata. “Foi uma motivação ter minha filha. Acima de tudo, também demonstra que você não precisa se aposentar de um esporte ou desistir quando tem a grande oportunidade de ser mãe”, afirmou ela à AMP Media.
Seu primeiro ouro veio em Pequim 2008, com um levantamento recorde de 128 kg, e o bicampeonato veio com 135kg, em Londres 2012. Mas ela guarda com carinho a disputa dos Jogos do Rio 2016, pelo fato de terem ocorrido na América do Sul. “As pessoas ficaram loucas quando eu competi, e isso me deixou ainda mais louca porque eu fiquei super nervosa. (…) Não consegui me concentrar por causa de tanta energia. Então, ser capaz de vencer a Nigéria, uma grande competidora, e trazer o ouro para o meu país, é uma das coisas das quais mais me orgulho”, declarou Pérez.
NOVO RECORDE E ADVERSÁRIAS
Em Tóquio 2020, Amalia Pérez chegou ao seu quarto ouro e sexto pódio, estabelecendo um recorde junto da nigeriana Lucy Ejike e a egípcia Fatma Omar, que possuem seis pódios na carreia. Com o bronze de hoje (6), a mexicana ocupa a primeira posição sozinha. Apesar de não conquistar o ouro, ela mostrou-se feliz com evolução do levantamento de peso feminino e satisfeita em ser uma das melhores do mundo após tanto tempo de carreia.
“Sinto-me muito calma e muito grata. Tenho trabalhado muito duro e sinto que estou entre as 10 melhores do mundo. Mas eu sei que as meninas já estão me alcançando e, longe de me incomodar, eu gosto muito porque sei que fui uma promotora dessa disciplina. Eu encorajo todas as gerações que vêm depois de mim”, disse. “Quero que as pessoas nos assistam, nos aplaudam, nos encham de muita adrenalina e emoção”, disse. “Acima de tudo, somos gratos que o público nos olhe e saiba sobre nosso potencial. Estamos ansiosos para mostrar nossas habilidades”, finalizou Amalia Pérez.