Singapura sediará mais uma corrida de Fórmula 1 no Circuito Urbano de Marina Bay, neste final de semana. O local já foi palco de diversos momentos históricos. No entanto, um evento imprevisível aconteceu em no país insular do Sudeste Asiático. A edição de 2008 começou com uma batida de propósito para favorecer um piloto, e chegou até aos tribunais.
O Lance! explica o que foi o “Singapuragate”, o maior escândalo de mudanças de resultados da história da maior categoria de automobilismo, de uma forma resumida, a partir de uma linha do tempo.
O polêmico Singapura 2008
Até esta corrida, Lewis Hamilton, que estava na McLaren, e Felipe Massa, Ferrari, chegaram em Marina Bay empatados. O britânico liderava a tabela após vencer a prova em casa e o brasileiro, que conquistou o primeiro lugar nos GPs da Alemanha, Hungria e Europa. Sendo assim, uma vitória nesta corrida concederia ao paulista a liderança, caminho facilitado pela pole position da Ferrari.
Tudo estava indo bem na corrida até chegar na curva 17 da volta 14 em Marina Bay. Nelson Piquet Jr, filho do tricampeão Nelson Piquet, bateu no muro quando Felipe liderava a corrida, em um trecho de difícil acesso, que obrigaria a adoção do safety car para a remoção do carro. Aproveitando a bandeira amarela, o brasileiro foi convocado pela Ferrari para ir aos boxes. No entanto, a equipe, durante o pit stop, liberou o piloto antes de ter terminado o reabastecimento. Massa saiu com a bandeira presa ao veículo e, por isso, teve que parar no pit lane. Depois desta grande confusão, o ferrarista bateu em Adrian Sutil, da Force India, o que lhe ocasionou ainda uma punição, além do quase um minuto perdido.
Para piorar a situação, Felipe teve um pneu furado na parte final da prova e precisou voltar para os boxes. A diferença de um ponto para o heptacampeão aumentou para sete, faltando três corridas para o fim. A prova terminou com Lewis em terceiro e o piloto brasileiro em 13º.
Linha Temporal do ‘Singapuragate’
Descoberta: Dois dias após a corrida, no dia 30 de setembro, Nelsinho contou ao amigo que bateu de propósito em Marina Bay, para favorecer Fernando Alonso. A ordem foi dada por Flavio Briatore, dirigente da Renault, e pelo diretor de engenharia Pat Symonds.
Novembro: O relato de Piquet Jr. chegou ao pai, Nelson, que revelou toda a situação para o então diretor de provas da Federação Internacional do Automobilismo (FIA), Charlie Withing. Ele recomendou ao brasileiro fazer uma denúncia à entidade, o que não aconteceu.
Julho de 2009: Piquet Jr. foi dispensado do time após a perda de espaço para a equipe novata, Brawn, fez com que as autoridades do time priorizassem Alonso. Em seguida, o pai de Nelsinho denunciou o caso dois dias depois para Max Mosley, presidente da FIA.
Agosto de 2009: Durante a transmissão do GP da Bélgica, o escândalo vem a público pelo jornalista Reginaldo Leme, fato que seria confirmado no mesmo dia por Mosley. A entidade máxima do automobilismo começou a investigar o caso, que foi revelado pela telemetria que o filho do tricampeão acelerou no momento da colisão, ao invés de desacelerar.
Setembro de 2009: Nelsinho alegou que aceitou a proposta de bater intencionalmente por estar emocionalmente fragilizado. Segundo o brasileiro, pela recusa de Briatore em discutir seu contrato para 2009 e a pressão do gestor, com a ameaça de cercear sua ida para outras equipes, o piloto não teve outra escolha a não ser aceitar o comando. O filho de Piquet diz que se arrepende da decisão.
Além da declaração de Piquet Jr., aconteciam duas demissões neste momento. A Renault demitiu Briatore e Symonds, enquanto a FIA, por sua vez, baniu o dirigente da F1 após um julgamento do Conselho Mundial da entidade; já o ex-engenheiro do time foi suspenso por cinco anos. Hoje, ele é diretor-técnico da F1.
Outubro de 2009: Massa foi questionado sobre o assunto e declarou crer que Alonso sabia de todo o esquema, o brasileiro cobrou por ações da Federação Internacional de Automobilismo.
Código Esportivo Internacional da FIA: O documento que vigorava na entidade em 2009 determinava no Artigo 179b que os comissários deveriam se reunir para julgar acontecimentos no caso de haver novas evidências. Porém, havia uma cláusula que dizia que o período para solicitar a revisão de um evento expira após 14 dias corridos da competição ou até quatro dias antes da cerimônia de premiação da FIA aos campeões e mais bem colocados — em 2008, realizada no dia 12 de dezembro, quase três meses após o ocorrido.
O GP de Singapura terá mais uma edição categoria neste final de semana, durante os dias 20,21 e 23. E os fãs de automobilismo esperam que seja mais uma boa corrida, sem polêmicas fora da pista.