Um mês atrás, no dia 27 de janeiro, Alexandre realizou um sonho: aos 22 anos, ele foi titular do Sampaio Corrêa na partida vencida pelo Botafogo no Estádio Nilton Santos, pelo Campeonato Carioca. Hoje, com a coluna recém-operada e um colar cervical que ele terá que usar ao menos pelos próximos dois meses, o jogador não sabe quando poderá voltar a atuar.
Depois do jogo válido que terminou 2 a 0 para o time de General Severiano, com gols de Jeffinho e Júnior Santos, Alexandre voltou com a delegação do Sampaio para Saquarema, na Região dos Lagos do Rio. De lá, pegou uma carona de carro com o atacante Octávio até Araruama, onde mora.
Alexandre ficou no centro da cidade, já na madrugada de sábado para domingo. Chamou um mototáxi pelo aplicativo e subiu na garupa para completar a última etapa da viagem. “Dali até a minha casa, andando, dá uns 15, 20 minutos. Mas de carro ou moto, são cinco”, contou ao ge. Ele havia feito isso várias outras vezes.
A dois quarteirões de casa, num cruzamento, um carro acertou em cheio a moto em que Alexandre estava. O capacete, que não estava preso corretamente, voou para longe, e o jogador chocou o lado direito do rosto no para-brisa do veículo antes de ser arremessado ao chão.
“Só me lembro de acordar no hospital, de me contarem que sofri um acidente, que era um milagre eu estar vivo”, disse.
– É um milagre mesmo, até pelo lugar que foi o acidente, com muitas pedras e paralelepípedos próximos. Eu bati com o rosto no carro, tomei uns pontos. Mas nada demais. Não tive traumatismo, nada – completou ele, aliviado.
O condutor da moto não teve a mesma sorte. Ele sobreviveu, mas quebrou uma das pernas, continua internado e precisará passar por uma segunda cirurgia. O carro (veja na imagem abaixo) ficou completamente destruído.
As sequelas do acidente
O ge foi ao CT do Sampaio Corrêa, em Saquarema, na sexta-feira passada para acompanhar o primeiro dia de fisioterapia de Alexandre. Um mês depois do acidente, o jogador foi liberado para realizar exercícios leves que visam em especial reforçar a musculatura de membros superiores.
Para progredir nas atividades, ele ainda precisa se recuperar das várias lesões: Alexandre levou pontos no rosto, na orelha e no pé direito. Além disso, precisou de intervenção cirúrgica para cuidar de um pneumotórax.
Durante todo o tempo, o volante do Sampaio Corrêa não tirou o colar cervical. “Já me acostumei”, brinca. Ele continuará usando a proteção ao menos pelos próximos dois meses para não comprometer a recuperação da coluna: Alexandre sofreu o que os médicos chamam de espondilolistese traumática, que é quando uma vértebra escorrega sobre a outra.
Foto: Arquivo Pessoal
– Tivemos que fazer uma cirurgia para corrigir esse escorregamento e colocar a coluna no seu devido lugar – explicou o dr. Dennis Ferreira de Sousa, neurocirurgião responsável pela operação. – Ele correu o risco de ficar tetraplégico, sem o movimento dos braços e das pernas. Graças a Deus a lesão foi detectada na hora, e ele foi operado.
Foram fixados quatro parafusos e uma placa sobre as vértebras fraturadas. O cirurgião também retirou enxerto ósseo da região da cintura e aplicou na coluna para acelerar a calcificação.