Presidente da Casa, senador Rodrigo Pacheco (PSD/MG), leu o requerimento que pedia a criação da comissão nesta terça-feira. Trabalhos devem durar pelo menos 180 dias
O Senado Federal anunciou, durante sessão plenária realizada nesta terça-feira, a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar os casos de manipulação de resultados no futebol brasileiro. A criação da comissão atende a um requerimento protocolado pelo senador e ex-jogador de futebol Romário (PL/RJ), protocolado na última semana.
Como embasamento para o requerimento, o parlamentar relembrou relatório da SportRadar, empresa que analisa em tempo real movimentações suspeitas em casas de apostas e cujos relatórios ajudam a encontrar casos de partidas manipuladas. A empresa colocou sob suspeição 109 partidas do futebol brasileiro realizadas em 2023.
Agora, caberá aos partidos e lideranças partidárias indicarem os membros da comissão para que ela possa ser instalada e os trabalhos iniciados. Ao todo, a comissão contará com 11 membros titulares e sete suplentes. Os trabalhos durarão pelo menos 180 dias, mas poderão ser prorrogados ao final deste período.
Apesar do requerimento de Romário ter sido protocolado no dia 6 de março, a criação da comissão acontece logo depois do anúncio de investigação de outro caso de manipulação de resultados, desta vez no Candangão, o Campeonato Estadual do DF. O Ministério Público do DF cumpriu, nessa segunda-feira, mandados de busca e apreensão contra dois jogadores do Santa Maria, que estariam envolvidos diretamente com a manipulação de resultados em duas goleadas sofridas pela equipe na competição.
A investigação reuniu evidências de que os dois teriam agido propositadamente para alterar o desfecho dos jogos, em ações como o cometimento deliberado de pênaltis, erros propositais de marcação e até mesmo marcando gols contra. Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidos telefones celulares dos envolvidos.
Comissão semelhante na Câmara dos Deputados
A CPI criada no Senado nesta terça-feira terá escopo de trabalho bastante semelhante ao de uma comissão realizada em 2023 na Câmara dos Deputados. Iniciada em maio, a CPI da Manipulação do Futebol chegou a ouvir atletas investigados pela Operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás, mas pouco foi além.
Em meio às discussões sobre a regulamentação das casas de aposta no Brasil, a CPI ficou marcada mesmo pelos bate-bocas dos deputados, que chegaram até mesmo a se ameaçar durante uma das reuniões da comissão.
Deputado ameaça outro parlamentar durante reunião da CPI da Manipulação do Futebol
Após uma verdadeira novela envolvendo a prorrogação do prazo dos trabalhos da comissão, a CPI da Manipulação do Futebol chegou ao fim sem que o relatório final fosse sequer apreciado pelos membros da comissão.