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Paraolimpíadas

Paris se despede dos Jogos Paralímpicos com festa eletrônica e desejo de inclusão

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Após onze dias intensos de competições, Paris se despediu neste domingo dos Jogos Paralímpicos com uma festa eletrônica no Stade de France, fechando em grande estilo semanas de emoções esportivas que contagiaram o mundo inteiro.

Sob a chuva da capital, cerca de 60 mil pessoas cantaram em coro a Marselhesa, hino francês, após o início da cerimônia de encerramento do evento paralímpico.

Embora o icônico balão de Paris-2024 não tenha podido voar pela última vez nos Jardins das Tulherias devido ao mau tempo, a festa não parou ao norte da cidade, onde o estádio que sediou as provas de atletismo foi transformado em um cenário do espetáculo “Paris é uma festa”.

Ao ritmo de “I Will Survive”, de Gloria Gaynor e da popular canção francesa “Les Champs-Elysées”, de Joe Dassin, interpretada pela Guarda Republicana Francesa, os porta-bandeiras das 168 delegações desfilaram diante de seus quase 4.400 paratletas.

A nadadora Carol Santiago (que conquistou três ouros e duas pratas) e Fernando Rufino (ouro na canoa individual 200m VL2) entraram no estádio com a bandeira do Brasil.

“Embora as emoções tenham sido efêmeras, este verão histórico permanecerá gravado em nossas memórias”, declarou Tony Estanguet, presidente do Comitê Organizador de Paris-2024, sob aplausos ensurdecedores dos participantes.

“Os Jogos estão chegando ao fim, mas a sua mensagem não se extingue nesta noite (…). Vamos continuar a tentar, vamos continuar a falhar e a nos levantar novamente. Vamos continuar a acreditar e, acima de tudo, vamos continuar a ousar”, acrescentou.

Os Jogos de Paris-2024 entrarão para a história com suas sedes que impressionaram pela beleza, como o Grand Palais e o Estádio da Torre Eiffel, os seus feitos esportivos e os novos recordes mundiais, mas os seus organizadores também esperam que deixem um legado perene de inclusão.

“Vocês viram força naquilo que é diferente, agora é a hora de vocês, junto com a sociedade, fazerem uma mudança. (…) Os obstáculos devem ser transformados em oportunidades”, disse o brasileiro Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC).

“Jogos de referência”
Antes de Los Angeles, que sediará os Jogos de 2028, receber oficialmente o bastão, Paris fará uma homenagem ao ‘French Touch’, nome pelo qual o gênero musical originado na França nas décadas de 1980 e 90 é conhecido internacionalmente.

O país anfitrião somou ao sucesso organizacional o sucesso esportivo, tanto nos Jogos Olímpicos – um século depois de ter sediado o evento pela última vez – como nas suas primeiras Paralimpíadas, em que o público respondeu e compareceu em grande número aos locais das provas, garantindo um clima festivo elogiado pelos atletas.

Paris-2024 “serão os Jogos (Paralímpicos) de referência, em todos os aspectos”, declarou neste domingo em coletiva de imprensa o presidente do Comitê Paralímpico Internacional (ICC), o brasileiro Andrew Parsons, que destacou que o evento foi “mais competitivo do que nunca”.

Do ponto de vista midiático, 165 redes de televisão de todo o mundo acompanharam o evento, um recorde, assim como o recorde de delegações participantes, com um total de 168, e o número de mulheres concorrentes, com quase 2.000 (1.983) praticamente o dobro das que participaram de Sydney-2000 (988).

O recorde que não será batido será o de número de ingressos vendidos: em Londres-2012 foram vendidos 2,7 milhões, um pouco mais que em Paris (pouco mais de 2,5 milhões, segundo a organização), embora o ambiente nos diferentes locais tem sido festivo, após os Jogos Olímpicos.

“É a multidão mais incrível para a qual já nadei”, disse no sábado a lenda americana Jessica Long, que tem 18 títulos paralímpicos em seu currículo.

“Para todos os participantes, atletas, staff e observadores estrangeiros, estes são os maiores Jogos Paralímpicos da história”, comemorou Michael Jeremiasz, campeão no tênis paralímpico e chefe de missão da delegação francesa.

China novamente em 1º lugar
Em Paris-2024, a China se consolidou como a grande potência do esporte paralímpico. O gigante asiático, que desde Atenas-2004 sempre encerrou sua participação liderando o quadro de medalhas, fechou com 94 ouros, 76 pratas e 50 bronzes, totalizando 220 medalhas.

A Grã-Bretanha ficou em segundo lugar com 124 medalhas (49-44-31), e os Estados Unidos com 105 (36-42-27).

Com um total de 89 medalhas, sendo 25 de ouro, 26 de prata e 38 de bronze, a delegação brasileira garantiu o inédito 5º lugar no quadro de medalhas, seu melhor desempenho na história do evento.

Nestas quase duas semanas brilharam também vários grandes campeões internacionais, como a chinesa Yuyan Jiang e o bielorrusso Ihar Boki na natação, os dois atletas que mais venceram em Paris, com sete e cinco medalhas de ouro respectivamente.

Resta agora saber se o hiato dos Jogos deixará um legado sólido em termos de sensibilização para os direitos das pessoas com deficiência, seja em termos de acessibilidade, acesso ao emprego ou prática esportiva.

“Não podemos retroceder”, declarou Michael Jeremiasz. “Temos que garantir que este não seja apenas um interlúdio dos sonhos”, pois “seria mais grave do que se não tivéssemos organizado os Jogos”.

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